O STF (Supremo Tribunal Federal) abriu inquérito para investigar se há ligação do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) com o esquema de corrupção da Petrobras. A decisão foi tomada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no tribunal. O deputado nega envolvimento com os desvios na empresa e diz encarar a medida com tranquilidade.

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Delgado foi citado na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, apontado como chefe do cartel de empresas que atuou no esquema de corrupção da Petrobras. O empreiteiro teria afirmado aos investigadores que o congressista recebeu R$ 150 mil da empresa graças a um acerto ilícito. Delgado teve um encontro, em julho de 2014, em São Paulo, com o empresário.

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O deputado afirmou que foi levado pelo então presidente do PSB de Belo Horizonte, João Grossi, à sede da UTC, para pedir doações. Ele disse que recebeu R$ 150 mil por meio da conta do partido, verba que foi distribuída a outros candidatos.

O teor das acusações do empresário contra o deputado, no entanto, está em sigilo no STF. O inquérito foi aberto no início do mês e, desde quarta (16), foi remetido à Polícia Federal para o início da coleta de provas.

Delgado chegou a integrar a CPI da Petrobras, que investiga as irregularidades na empresa, mas pediu para se afastar depois do depoimento de Pessoa. O parlamentar chegou a questionar o empresário sobre as acusações, mas ele ficou em silêncio. Além de Júlio Delgado, o senador Fernando Bezerra (PE) é outro parlamentar do PSB que figura entre os investigados do STF.

Agora, 36 congressistas -23 deputados e 13 senadores- são alvos do STF por suposta participação nos desvios da estatal. Ao todo, STF e STJ (Superior Tribunal de Justiça) investigam 61 pessoas na Lava Jato.

As apurações começaram em março. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já ofereceu, até agora, cinco denúncias ao Supremo, entre elas a do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e a do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), que podem virar réus em ação penal.

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OUTRO LADO

Delgado afirmou que, embora não tenha sido notificado, encara com serenidade e tranquilidade a medida, pois diz acreditar que a Procuradoria-Geral da República atua de forma imparcial e coerente na linha de abrir investigação contra todos os que foram citados.

“Vejo com serenidade e tranquilidade, já que sei da minha inocência, vou apresentar os documentos mostrando que nenhum centavo daquela doação ao partido caiu na minha conta, que foi para 16 candidatos. Não tem o menor fundamento as alegações que ele [Pessoa] fez, nunca passei sequer na porta da Petrobras”, disse o deputado.

Delgado lembra que assinou o relatório paralelo da antiga CPI da Petrobras que incriminava Pessoa, ação que por si só, diz, derruba a afirmação do empreiteiro de que o dinheiro teria o objetivo de barrar investigações contra ele no Congresso.