• Carregando...
Celso de Mello (dir.) cassou os deputados. Barbosa (centro) fez um balanço do “julgamento complexo”. E Gurgel (encoberto pela cadeira) deixou para depois o pedido de prisão | Carlos Humberto/STF
Celso de Mello (dir.) cassou os deputados. Barbosa (centro) fez um balanço do “julgamento complexo”. E Gurgel (encoberto pela cadeira) deixou para depois o pedido de prisão| Foto: Carlos Humberto/STF

Procurador adia o pedido sobre prisões imediatas

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, preferiu deixar para os próximos dias o pedido para o cumprimento imediato das penas dos condenados no julgamento do mensalão. No término da sessão de ontem, os ministros questionaram Gurgel sobre a solicitação e ele informou que ainda irá preparar uma petição sobre o tema. A tendência é que o documento seja apresentado durante o recesso do Judiciário, que começa na próxima quinta-feira e termina em 1.º de fevereiro.

Com isso, aumentam as chances de a decretação das prisões ser decidida pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa, de modo indivi­­dual. Isso pode ocorrer porque, no recesso, cabe ao presidente tomar decisões, já que os demais ministros estão em férias. Posteriormente, porém, a decisão sobre as prisões pode ser modificada pelo restante dos ministros.

A publicação do acórdão do julgamento deve ser realizada em 60 dias. Descontados os dias do recesso, deve ficar para abril. A partir dela, abrem-se os prazos para a apresentação dos recursos.

Desabafo

Joaquim Barbosa revela que passou noites sem dormir

Ao final da sessão de ontem, o presidente do STF e relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, fez um balanço sobre o julgamento. "Vocês nunca mais vão ouvir falar de uma ação tão longa, de um julgamento tão complexo", disse. Ele também declarou que o encerramento dessa etapa do processo é uma "proeza extraordinária", mas ressaltou a lição de que o STF não deve "mais chamar para si uma ação dessa dimensão" e ficar "paralisado" por mais de quatro meses.

Barbosa reiterou que é contra o foro privilegiado, dispositivo que levou o caso a ser apreciado pelo Supremo e que, em 2006, propôs o desmembramento do processo. "Um processo como esse leva a decisões dificílimas, a noites sem dormir, trabalho durante 12, 14, 15 horas. Leva a reformulações sucessivas de pensamentos. Você vê a coisa por outro ângulo. Condenar não é fácil. Condenar à pena privativa de liberdade não é fácil."

Confronto

Antes de falar com a imprensa e de encerrar o julgamento, Barbosa teve ontem mais um confronto em plenário, desta vez com o ministro Marco Aurélio Mello. O presidente do STF usou os minutos finais da sessão para agradecer o trabalho de seus assistentes e foi criticado pelo colega, que disse que o assunto não merecia ser registrado em ata. Mello deixou o plenário. "Não vejo qualquer problema em enaltecer o trabalho indispensável dos colaboradores que todos nós temos", retrucou Barbosa.

Após quatro meses e meio, o Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou ontem o julgamento do mensalão. A última decisão – e uma das mais polêmicas – estabeleceu que os três deputados federais condenados no processo vão perder o mandato automaticamente, sem necessidade do aval da Câmara. A cassação, contudo, só vai ocorrer após o esgotamento da possibilidade de recursos e o trânsito em julgado da ação, o que deve demorar até o segundo semestre de 2013.

VÍDEO: Confira entrevista coletiva do presidente do STF, Joaquim Barbosa

Dos 38 réus, 25 foram condenados, 12 absolvidos e um deles teve o processo remetido à primeira instância. Dentre os considerados culpados, estão em exercício de mandato na Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). O ex-presidente do PT José Genoino é suplente e deve assumir em janeiro a vaga do petista Carlinhos Almeida, eleito em outubro para a prefeitura de São José dos Campos (SP).

A decisão sobre a cassação foi apertada. Na primeira semana de dezembro, quatro ministros votaram pela perda automática de mandato a partir da condenação do STF (Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Celso de Mello), enquanto outros quatro disseram que a decisão final caberia à Câmara (Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, José Antonio Dias Toffoli e Cármen Lúcia). Coube ao decano Celso de Mello decidir a questão. Isso deveria ocorrer na semana passada, mas ele precisou faltar às duas últimas sessões devido a uma infecção respiratória que o deixou hospitalizado.

O ministro voltou ao plenário ontem e encerrou a questão com um voto em que defendeu o STF como dono do "monopólio da última palavra" em questões constitucionais. "A alguém deve ficar o direito de errar por último. A alguém deve ficar o direito de decidir por último", disse Celso de Mello, referindo-se ao papel do Supremo.

O ministro ampliou o confronto institucional com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), que declarou que a Casa poderia não cumprir a decisão do STF sobre os mandatos. A tese de Maia é amparada pelo artigo 55 da Constituição, que estabelece que a "perda de mandato será decidida pela Câmara dos Deputados, por voto secreto e maioria absoluta".

Celso de Mello alertou sobre o risco de Maia descumprir uma ordem judicial: "A insubordinação legislativa ou executiva ao comando emergente de uma decisão judicial, não importa se do STF ou do primeiro grau, revela comportamento intolerável, inaceitável e incompreensível".

Embargos

O resultado da votação de ontem abriu margem para que os deputados afetados pela decisão possam entrar com embargos infringentes, tipo de recurso que pode reabrir o julgamento em tópicos nos quais houve quatro ou mais votos favoráveis aos condenados. Nesse caso, o ministro Teori Zavascki, que tomou posse em novembro e não participou da análise do mensalão, vai estar apto a participar.

Zavascki já deu declarações de que entende que a última decisão sobre os mandatos cabe ao Legislativo, o que provocaria um novo empate em 5 a 5. A definição pode contar ainda com o voto de mais um novo ministro, já que a vaga deixada por Carlos Ayres Britto no mês passado continua aberta. O substituto depende da indicação da presidente Dilma Rousseff e da aprovação do Senado.

Multas

Os ministros do STF, antes de encerrar o julgamento, também recalcularam algumas multas aplicadas aos condenados.

(function(d, s, id) { var js, fjs = d.getElementsByTagName(s)[0]; if (d.getElementById(id)) {return;} js = d.createElement(s); js.id = id; js.src = "//connect.facebook.net/pt_BR/all.js#appId=254792324559375&xfbml=1"; fjs.parentNode.insertBefore(js, fjs); }(document, 'script', 'facebook-jssdk'));

Vida Pública | 3:07

Relator do processo do mensalão e presidente do STF falou ontem em Brasília sobre o desfecho da ação penal 470.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]