O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, deve pedir à Polícia Federal que investigue a autoria de um documento falso protocolado na Corte em nome do advogado José Gerardo Grossi, que defende o governador licenciado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (ex-DEM). No documento falso, alguém pediu, em nome de Grossi, que o ministro do STF Marco Aurélio Mello fosse impedido de continuar a relatar o pedido de habeas-corpus feito pela defesa de Arruda com o objetivo de conseguir a soltura do governador afastado. O julgamento está marcado para ocorrer amanhã no plenário do STF.

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O governador licenciado está preso desde o dia 11 por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os advogados de Arruda recorreram ao STF, mas Marco Aurélio Mello rejeitou o pedido de liminar. Com isso, o governador está preso há duas semanas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

O documento atribuído a Grossi tem um erro grosseiro. O autor errou a grafia do nome do advogado. Ao invés de José Gerardo, que é a grafia correta, o falsificador escreveu José Geraldo.

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No pedido, o falso Grossi afirma que o ministro Marco Aurélio "tem manifestado seu prejulgamento pela mídia, de forma extensiva, declarando o que pensa sobre o processo e esquecendo seus deveres". Marco Aurélio comentou o documento falso. Segundo ele, essa falsidade "revela bem a quadra atual brasileira, de abandono a princípios, perda de parâmetros, inversão de valores".

O STF chegou a divulgar por volta das 13 horas de hoje, no Twitter, a entrada do pedido no protocolo do tribunal. Minutos depois, uma nova mensagem foi colocada no Twitter pelo tribunal: "Advogado nega que defesa de Arruda tenha pedido suspeição assinada por José Gerardo Grossi. STF investiga veracidade do documento".

Antecedente

Essa não é a primeira vez que o protocolo do Supremo recebe um documento falso. Em março de 2008, chegou ao tribunal um documento atribuído ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e à procuradora-geral do Estado, Lúcia Léa Guimarães Tavares, pedindo a extinção do processo no qual Cabral sustenta que os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos que os heterossexuais em relação a dispositivos do Estado dos Servidores Públicos Civis do Rio.

No dia seguinte, o governador avisou que não era o autor do pedido de arquivamento da ação. Dias depois, o relator da ação no STF, Carlos Ayres Britto, determinou o encaminhamento urgente de cópia completa dos autos à Procuradoria-Geral da República para que a falsidade fosse investigada. Até hoje, o STF não foi informado sobre o resultado das investigações.

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