O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello concedeu uma liminar (decisão provisória) para suspender a quebra dos sigilos da esposa e das duas filhas do doleiro Alberto Youssef determinada pela CPI da Petrobras na Câmara.
Relator da CPI inclui em pacote de requerimentos convocação de Cardozo
O relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), incluiu no pacote de requerimentos que vão à votação nesta manhã o pedido de convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Diante da pressão da oposição para a convocação de ministros, o petista acabou cedendo para poupar o ex-ministro José Dirceu e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social da Presidência).
Cardozo vem sendo criticado internamente no PT por causa de investigações da Polícia Federal no âmbito das operações Lava Jato e Acrônimo, que envolvem figuras ilustres do partido. O ministro é acusado por petistas de não controlar as investigações e os vazamentos, considerados “seletivos”.
O acordo para convocação de Cardozo foi fechado nas últimas horas, quando o ministro estava em Portugal. Ele deve chegar ao Brasil nesta quinta-feira (9).
O entendimento do ministro é que a quebra dos sigilos determinada pela CPI não tinha fundamentação, já que não há indícios, até o momento, de que elas tenham relação com o esquema de corrupção.
A determinação de Marco Aurélio travou a estratégia de aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pretendiam utilizar a quebra para pressionar o doleiro, que tem acusado o peemedebista de envolvimento com desvios e pagamentos de propina na estatal.
Os requerimentos envolvendo a família de Youssef foram apresentados à CPI por Celso Pansera (PMDB-RJ).
Os pedidos apenas se limitavam a comparar Youssef com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que usou familiares para movimentar recursos do esquema de corrupção, mas não apontaram evidências concretas de que a família do doleiro tenha feito o mesmo.
Requerimentos
Em sua delação premiada, o doleiro afirmou que Cunha se beneficiava do esquema de corrupção na Petrobras e que, por meio de aliados, apresentou requerimento para chantagear uma das empresas a retomar o pagamento de propina.
A Folha de S.Paulo mostrou que Cunha aparece como autor dos arquivos digitais de dois requerimentos da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) contra a empresa Mitsui, fornecedora da Petrobras. A decisão de Marco Aurélio foi enviada na última terça-feira (7) para a CPI.
Ela se soma a outras derrotas da comissão no Supremo, como a negativa ao acesso à delação premiada do dono da UTC Ricardo Pessoa e a liminar concedida para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco não comparecer às acareações na comissão.
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