Remédios de tarja preta podem causar efeitos colaterais medonhos. Consumidos em doses exageradas, eles trazem perda de memória, desinteresse sexual, insônia ou reações contrárias às pretendidas. Mas um dos piores problemas é obrigar quem tentava se livrar da depressão, ansiedade ou angústia a conviver com o inferno de um vício. Drogas do gênero podem causar dependência química ou psicológica. Mal-administrados, também provocam tolerância às dosagens, um dos caminhos que levam à overdose. "São drogas extremamente perigosas, porque atuam no tecido neural. Daí a importância de ter um especialista por perto", diz o psiquiatra Danilo Baltieri, do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de psiquiatria do Hospital das Clínicas.
Apesar disso, um grande número de pessoas defende que o conforto químico com responsabilidade vale a pena e se mostra disposta a banir o tom pejorativo que costuma acompanhar o termo "remédio controlado".
Dono de uma corretora de valores da Bolsa de Valores de São Paulo, Fernando Esboriol tem 46 anos, não fuma, não bebe, corre em maratonas e até atua como socorrista, aquela turma que participa de resgates e faz atendimento pré-hospitalar. E se define como "integrante da Confraria do Rivotril". Em 1988, ficou meio cabreiro ao comprar a primeira caixa, prescrita pelo médico para tratar uma Síndrome de Pânico. Conseguiu se recuperar e ficou anos sem tomar o remédio. Mas hoje toma 0,25 gramas sempre com o consentimento de seu médico quando a tensão aperta. "Tenho vários amigos aqui na Bolsa de Valores que tomam também. O remédio ajuda a retomar os parâmetros quando tenho um dia muito agitado", diz.
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