• Carregando...

Está nas mãos do PMDB nacional a definição do jogo de forças na disputa pelo governo do Paraná. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de obrigar os partidos a cumprir a chamada "verticalização pura" nos estados, provocou uma reviravolta nas costuras que estavam sendo feitas para a formação de uma frente de oposição ao governador Roberto Requião (PMDB).

Ontem o dia foi de confusão e muita conversa no meio político. As lideranças tentavam interpretar as novas regras para alianças e simular as possibilidades de coligações no Paraná. A única certeza é de que tudo que já estava acertado voltou à estaca zero.

Dependendo do lado para onde o PMDB nacional pender – PT ou PSDB –, muda totalmente o quadro da sucessão. Se optar pela aliança com os petistas, Flávio Arns (PT) teria de abrir mão da disputa para Roberto Requião (PMDB), já que a regra estabelece que a coligação feita para a Presidência da República deve ser repetida nos estados e só pode ser lançado um candidato a governador.

Sem o PMDB, o PSDB quer formar uma aliança para enfrentar Requião com PFL, PP, PPS e PDT, partidos que podem se coligar nacionalmente com o PSDB. "Vamos tirar desse bloco o candidato a governador, vice e senador", afirmou o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni. "Ficou muito bom. Quem tem partido forte cresceu no jogo."

A situação já não é tão confortável, na avaliação de Rossoni, se o PMDB optar pela aliança nacional com o PSDB. Nesse caso, os tucanos e aliados terão de apoiar a reeleição do governador Roberto Requião.

O vice-presidente estadual do PMDB, Nereu Moura, não arrisca prever em qual palanque o partido pode estar, mas a tendência é de que continue "livre para voar", para escolher as alianças mais convenientes. O PMDB, avalia, foi o menos prejudicado porque, mesmo que não faça aliança formal, tem candidato a governador, estrutura nos estados, tempo de televisão e uma boa chapa de deputados.

O presidente em exercício do PDT, Augustinho Zucchi, acredita que a mudança beneficia o partido porque força a Executiva Nacional a repensar a decisão de candidatura própria a presidente do senador Cristóvam Buarque. "Se o PDT não tiver uma boa aliança nacional, vai ficar isolado nos estados", disse. "O Osmar teria que disputar sozinho", prevê.

O senador Osmar Dias (PDT) disse ontem, por intermédio de sua assessoria, que o TSE reestruturou a essência da verticalização e fez a interpretação correta da lei. Ele afirma que a resposta do TSE só reforçou a postura de cautela que vem tomando antes de tomar qualquer decisão. Osmar conversou ontem por telefone com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que disse ao senador que o PDT ainda não tem uma posição oficial.

O líder da bancada do PPS, Marcos Isfer, diz que a decisão do TSE "deu um nó" na cabeça de todo mundo, mas deve beneficiar o pré-candidato a governador Rubens Bueno. Com o indicativo de uma aliança com o PSDB e PFL, a tríplice aliança deve ser formada, mas a idéia é manter Bueno na cabeça de chapa. "Tem tucano que vai torcer o bico, mas vamos ter que chegar a um entendimento."

Para Rubens Bueno, o partido não sofrerá com as regras. "Já estamos conversando com o PFL e o PSDB a nível nacional e essa decisão só nos leva a convergência", disse.

Já o PFL, que ensaiava um apoio ao PPS se Osmar Dias não fosse candidato, teve de frear as conversas com Bueno. Pela lei, o partido está coligado nacionalmente com o PSDB e não poderia apoiar um candidato de outra legenda. Para o vice-presidente estadual, Durval Amaral, se realmente essa for a interpretação da regra, o TSE vai "engessar" os partidos em vez de fortalecer porque impede candidaturas próprias.

Para o presidente estadual do PT, a medida fortalece a candidatura à reeleição do presidente Lula na medida em que obriga os partidos a se definirem. Sobre os reflexos no Paraná, André Vargas diz que ainda é cedo para avaliar. "Só podemos opinar e avaliar depois que o quadro estiver consolidado no plano nacional."

É consenso entre as lideranças de que as definições foram empurradas para o dia 30, último prazo para as convenções que vão oficializar as candidaturas e alianças. Até lá tudo pode acontecer. Diante do quadro de incertezas, alguns partidos como o PPS e PFL decidiram até adiar as convenções que ocorreriam na próxima semana para o fim do mês.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]