A CPI do Mensalão realiza nesta quinta-feira uma superacareação na tentativa de fechar as contas do esquema montado pelo empresário Marcos Valério. O relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), revelou haver uma diferença de R$ 21 milhões entre o valor que Valério declarou ter pago a 31 pessoas e o total de recursos sacados no Banco Rural.
- Se somarmos todos os saques admitidos pelas pessoas que receberam recursos e compararmos com o montante de R$ 55,8 milhões que Marcos Valério revelou ter pago a 31 pessoas, há um rombo de R$ 21 milhões - afirmou.
Abi-Ackel pretende esclarecer este ponto durante a acareação entre o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, Valério e a diretora financeira da agência SMP&B, Simone Vasconcellos, e mais seis sacadores das contas do empresário que, em depoimento à CPI, já admitiram os saques, porém em valores bem menores do que os que constam da lista fornecida por Valério à comissão. Estarão nesta confrontação o presidente do PL, Valdemar Costa Neto e o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas; o assessor do PP, João Cláudio Genu, o tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, o ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos e José Luiz Alves, chefe de gabinete do ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto.
Segundo Abi-Ackel, é praticamente impossível que os participantes da acareação mudem suas versões, mas com as declarações de uns, na frente dos outros, poderão configurar crime de obstrução de Justiça, no caso dos indiciados, e de perjúrio, no caso de testemunhas. Para o relator, somente a análise criteriosa dos documentos, já em poder da CPI, poderá provar as declarações mentirosas de uns ou outros.