Um desvio de mais de R$ 240 mil da Câmara Municipal de Palmeira, Campos Gerais, levou a diretora financeira da Casa, Giseli Gremski Vida, para a prisão. A funcionária afirmou ao Ministério Público (MP) que a irregularidade era do conhecimento do presidente do Legislativo, Fabiano Cassanta (PR). Para o MP-PR, Giseli agiu sozinha. Tanto o advogado de defesa dela quanto o MP informaram que ela admitiu em depoimento o desvio de dinheiro.
O caso chegou ao conhecimento do Ministério Público depois que vereadores abriram uma sindicância para investigar as contas da Casa e a atuação da funcionária. "Quando identificamos erros nas folhas de pagamento, suspeitamos de que algo estava errado. Solicitei extratos à Caixa Econômica e comprovamos o desvio", relata Fabiano Cassanta. Segundo o promotor que cuida do caso, Antonio Carlos Nervino, documentos juntados pela própria sindicância comprovam que desde abril de 2012, a funcionária duplicou seu salário de R$ 3,5 mil e, a partir de setembro de 2013, fez transferências bancárias para contas correntes em seu nome. "Num intervalo de 10 minutos, ela chegou a efetuar três transferências bancárias para contas em seu nome", conta Nervino.
Além dessas transações, Giseli também teria efetuado pagamento à terceiros por serviços particulares. "Identificamos pelo menos três operações nesse sentido. Inclusive para compra de móveis", relata o promotor. A funcionária, presa a pedido do Ministério Público, não nega o envolvimento no esquema, mas garante que não agia sozinha. "Ela afirmou que o presidente do Legislativo tinha conhecimento dos desvios, mas sua denúncia foi superficial e sem detalhes. Por enquanto, não há indícios do envolvimento de outras pessoas no caso, senão dela", explica Nervino.
O presidente da Câmara garante que não tem envolvimento no esquema e afirma estar a disposição da Justiça. "Fomos ao Ministério Público apresentar a denúncia. Essa é uma atitude de desespero (da servidora)". Segundo o promotor, várias pessoas, incluindo Fabiano Cassanta, já foram ouvidas. Agora, o MP-PR aguarda outros documentos para concluir as investigações. "Ela já estava nesse cargo de confiança há alguns anos. Solicitamos a quebra dos sigilos bancários e outros documentos. É possível que o valor desviado seja maior do que o estimado até agora", conta Antonio Nervino que pretende concluir o processo até a próxima semana.
Giseli Vida está presa da Cadeia Pública de Ponta Grossa em cela separada.
Inimputável
O advogado que cuida da defesa de Giseli Vida, Fernando Madureira, disse que sua cliente apresenta um quadro de esquizofrenia e bipolaridade e que estava em tratamento há dois anos. Segundo ele, os agravamentos da doença podem ter levado a funcionária a praticar os desvios. "Já temos o atestado médico comprovando a doença dela e, possivelmente, podemos pedir um atestado de sanidade mental dela para a Justiça".
Madureira conta que já deu entrada com um pedido de Habeas Corpus para revogar a prisão preventiva de sua cliente. "Ela tem ótimos antecedentes e não oferece riscos à investigação".
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