Começou com atraso, pouco depois das 15h, a acareação na CPI dos Bingos entre cinco envolvidos nas negociações para a renovação do contrato de R$ 650 milhões entre a empresa Gtech (multinacional do ramo lotérico) e a Caixa Econômica Federal para gerenciamento do sistema de loterias federais. Os senadores da CPI - criada para investigar as casas de jogos e a relação delas com o crime organizado - querem tirar dúvidas sobre as contradições apresentadas em outros depoimentos.
Um relatório preliminar do Tribunal de Contas da União (TCU) revela que a Caixa teve prejuízo de R$ 433 milhões em sete anos de contrato com a Gtech (1997 a 2004).
Vão depor o empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o advogado Rogério Buratti, o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, o advogado Enrico Gianelli, ligado à Gtech, e o ex-diretor de marketing da Gtech Marcelo José Rovai.
Gianelli seria o elo entre Buratti e a Gtech. Diretores da multinacional acusam Buratti de tentar extorquir R$ 6 milhões da empresa para garantir o fechamento do negócio. Buratti, por sua vez, diz que foi procurado pela Gtech por sua suposta influência no Ministério da Fazenda, que é responsável pela Caixa. A empresa, disse, lhe ofereceu uma comissão de até R$15 milhões. Buratti foi secretário de Governo na gestão do ministro Antonio Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) e é investigado pela suspeita de ter praticado tráfico de influência.
Mesmo com acusações de parte a parte, o contrato com a Caixa acabou sendo assinado em 8 de abril de 2003. Por isso, a CPI dos Bingos suspeita que a negociação acabou evoluindo com a ajuda de outro grupo do governo, ligado a Waldomiro Diniz. Waldomiro foi flagrado em um vídeo pedindo propina a Cachoeira para campanhas eleitorais.