O advogado de Suzane Von Richthofen, Mário de Oliveira Filho, afirmou que sua cliente não será julgada junto com os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos. Os três acusados pela morte de Marísia e Manfred Von Richthofen, em 31 de outubro de 2002, serão levados a júri popular na próxima segunda-feira, dia 5, mas tanto a defesa quanto a promotoria garantem que dificilmente o julgamento será um só. A decisão de quem será julgado primeiro, no entanto, será tomada no próprio dia 5 pelo promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação.
De acordo com as normas processuais, os irmãos Cravinhos serão julgados primeiro porque são executores do crime, aparecem em primeiro lugar na denúncia apresentada pelo Ministério Público e estão presos. Nesta quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) não estendeu aos irmãos o benefício de prisão domiciliar que concedeu à Suzane e pediu mais informações à Justiça paulista.
A julgamento desmembrado é praticamente inevitável porque as teses das duas defesas - dos Cravinhos e de Suzane - são conflitantes. Suzane diz que não foi ela quem planejou o crime, que foi induzida a participar da morte dos pais por amor a Daniel, seu namorado na época.
Os Cravinhos dizem o contrário. Afirmam que foi Suzane quem deu idéia de eliminar os pais para se livrarem do controle paterno e usufruirem juntos da herança.
O desmembramento deve ocorrer mesmo que as defesas consigam um adiamento do júri.
Segundo especialistas, os advogados de Suzane prefeririam que ela fosse julgada primeiro. Acreditam que isso aumentaria as chances de absolvição, baseada na alegação que ela teria sido coagida para cometer o crime. Se for julgada depois de Cristian e Daniel, pode pesar contra ela, a condenação deles e o argumento dos irmãos de que Suzane arquitetou o crime.
O advogado Geraldo Jabur, que defende Cristian e Daniel, não quer a separação dos julgamentos. Ele não explica o por quê, mas com os três réus juntos certamente fica mais fácil para ele apontar diferenças no tratamento dado aos acusados pela Justiça. Ele também deve pedir o adiamento do júri.
Suzane conseguiu hábeas-corpus do Supremo Tribunal Federal para aguardar o julgamento em liberdade em meados do ano passado. O benefício só foi estendido aos irmãos depois de cinco meses. Eles voltaram para a prisão 40 dias depois, após concederem entrevista para uma rádio paulista revelando novos detalhes do crime. Suzane foi presa novamente em abril deste ano, também depois de uma entrevista em que aparece sendo orientada pelos advogados a chorar. Nesta segunda-feira, ela foi novamente beneficiada pela Justiça com a prisão domiciliar. Os irmãos Cravinhos continuam presos.
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