Suzane von Richthofen, acusada de planejar a morte dos pais em outubro de 2002, deixou o Centro de Ressocialização de Rio Claro às 17h45 e vai aguardar o julgamento em prisão domiciliar. Suzane saiu protegida por um forte esquema de segurança. Uma viatura da Delegacia de Crimes contra a Pessoa (DHPP), entrou dentro do presídio para transportá-la. A imprensa não pôde registrar imagens, pois a viatura estava com insufilme. Na porta do presídio, um grupo de cinqüenta pessoas gritava 'assassina' e vaiava. A viatura do DHPP foi escoltada por três viaturas da PM, que a levaram para São Paulo.Ela ficará na casa do seu tutor, o advogado Denivaldo Barni, no Bairro do Morumbi, zona sul da capital.

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O benefício foi concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última sexta-feira, mas a burocracia da Justiça impediu que ela saísse no fim de semana.

O advogado Mário de Oliveira Filho, um dos defensores de Suzane, já contesta a isenção do júri popular. Para ele, os cidadãos comuns não decidirão apenas pelas provas dos autos, mas pela influência da mídia. E defendeu que, no julgamento, o mais importante é a isenção dos jurados.

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Em entrevista à rádio CBN, Oliveira Filho disse que a decisão do STJ consagrou o direito de todos os cidadãos de não serem presos enquanto não forem julgados. Segundo ele, Suzane tinha sido vítima de um erro, pois a Justiça havia considerado que ela poderia fugir antes do julgamento para a Alemanha.

O promotor Roberto Tardelli, que pediu a prisão preventiva de Suzane, afirmou que ela recebeu um privilégio.

- Não existe no Código Penal brasileiro a prisão preventiva domiciliar. Se ela obteve algo que a lei não prevê, é evidente que obteve um privilégio - afirmou.

Os advogados de Suzane confirmaram que a Justiça já assinou o alvará de transferência para a residência do advogado Denivaldo Barni, em São Paulo, onde será cumprida a prisão domiciliar.

Barni, que era amigo do pai de Suzane, se transformou em tutor e protetor da garota.

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Suzane é ré confessa do assassinato dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen. Desde a tarde de sexta-feira, ela está em alojamento individual no Centro de Ressocialização, aguardando o alvará de soltura.

A determinação do ministro Nilson Naves, do STJ, era de que ela saísse, 'no máximo', 24 horas após o juiz do processo ser informado sobre a concessão do hábeas-corpus. Isso deveria ter ocorrido até as 17h de sábado. Porém, a burocracia judicial impediu que a documentação fosse liberada em tempo hábil.

Embora domingo tenha sido dia de visitas, Suzane não recebeu ninguém. Pela manhã, ela chegou a sair do alojamento e sentar-se em um dos bancos do pátio, mas não conversou com ninguém.

- A Suzane estava sorridente, mas ficou quietinha em seu canto. A gente também recebeu recomendação de funcionários do CR para não falar com ela - conta a parente de uma das 117 presas.

Segundo outra visitante, Suzane é a única detenta que goza de algumas "regalias".

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- Uma delas foi sair para tomar sol sem ter recebido visita. Pelas regras, presas sozinhas têm de ficar no alojamento nesse dia.

A diretora administrativa Andrezza Inácio diz que apenas o advogado Denivaldo Barni, que também é tutor de Suzane, e sua mulher, Vera, estão cadastrados no CR para visitar a garota aos domingos. Durante a semana, ainda segundo Andrezza, Suzane também costuma receber seus advogados, Mário de Oliveira Filho e Mário Sérgio de Oliveira e a amiga Luzia Sanchez.

Durante todo o domingo o clima foi de expectativa na porta do CR. Funcionários que entravam ou saíam do prédio diziam que Suzane só deveria sair nesta segunda-feira porque não havia nenhuma autoridade lá para assinar a sua liberação no final de semana.