Acusada de planejar e participar do assassinato de seus pais, Marísia e Manfredo von Richthofen, em outubro de 2002, Suzane Richthofen diz que gostaria de ter sua família de volta. A dois meses de seu julgamento, Suzane, de 22 anos, apareceu em entrevista exibida pelo "Fantástico", da TV Globo, vestindo roupas infantis e comportando-se como uma pessoa perturbada mentalmente: com fala desarticulada e sujeita a sucessivas crises de choro. A câmera do programa, porém, captou conversas em que Suzane era orientada a se comportar dessa maneira.
- Chora - disse em voz baixa Denivaldo Barni, um amigo da família Richthofen que abriga Suzane em sua residência no Morumbi.
A jovem, que confessou à polícia ter aberto a porta de sua casa para que seu namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, matassem seus pais, disse sentir ódio de Daniel.
- Gostaria de voltar aos meus 15 anos para nunca ter conhecido ninguém daquela família - disse, referindo-se aos Cravinhos. - Ele sempre me dava muita droga, me mandava usar muita droga, cada vez mais. Isso foi acabando comigo. Ele falava: se me ama, usa - afirmou.
A fala é muito semelhante a uma orientação que ela recebeu na segunda parte da entrevista, gravada em Ipiratina. Segundo peritos, a voz, que aparece em off, é do advogado Mário Sérgio de Oliveira:
- Diz que ele mandava. Que se amasse era para fazer.
A defesa de Suzane alegará no julgamento que os Cravinhos planejaram o crime. Os irmãos dizem que Suzane foi a mandante.A primeira parte da entrevista foi gravada na casa de Barni. Usando pantufas e uma camiseta da Minnie, Suzane interrompeu diversas vezes a gravação, que durou 34 minutos. Num momento, disse que só voltaria a falar acompanhada por dois pássaros de estimação. Por onze vezes, escondeu o rosto como se chorasse. Mas em nenhuma delas havia sinais de lágrimas.
- Como é triste lembrar de toda a felicidade que vivi com meus pais, saber que isso nunca mais vai acontecer - disse. - Hoje vejo que era feliz e não sabia. Como queria minha mãe de volta, como sinto falta de um colinho, de um abraço.
Pela lei brasileira, filhos que matam os pais não têm direito à herança. A família de Marísia, com quem vive o irmão mais novo de Suzane, Andreas, já deu entrada no processo de deserdação. Os advogados da jovem lutam para que ela não perca o direito. Na entrevista, Suzane falou sobre a família da mãe. Disse que não vê a avó por que seu tio não deixa.
- Ele não gosta de mim. Afastou todo mundo de mim.
A jovem afirmou ainda ter medo de sair de casa. Questionada sobre o motivo de sua apreensão, disse apenas:
- Não sei, tenho medo.
Perguntada por que seus pais haviam sido mortos, respondeu da mesma maneira:
- Não sei.
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