Uma guerra familiar em torno do espólio milionário de Marísia e Manfred von Richthofen está por trás da volta de Suzane von Richthofen à prisão. De um lado, a garota reivindica pensão, moradia e o carro que era dela para tentar refazer a sua vida quando sair da cadeia. Do outro, o irmão Andreas pede que ela seja excluída da herança por indignidade, já que participou da morte dos pais com a ajuda do ex-namorado Daniel Cravinhos e do irmão dele, Cristian. No centro da disputa está o tio materno, o ginecologista Miguel Abdalla, tutor de Andreas e ex-inventariante dos bens dos Richthofen.
Em julho de 2005, após completar 18 anos, Andreas assumiu o lugar do tio como inventariante. Foi Suzane quem pediu o afastamento de Abdalla. No processo cível que corre pela 10ª Vara da Família e Sucessões, Suzane alegou que o tio estava sonegando bens do espólio de seus pais.
Pessoas próximas à família dizem que Andreas e Suzane sempre se deram bem. Em 22 de junho de 2003, por exemplo, o garoto chegou a mandar um bilhete para a irmã na cadeia, escondido da família, dizendo que o tio o havia proibido de visitá-la, mas que, apesar disso, continuava do lado dela. Já em liberdade, em 3 de julho de 2005, Suzane telefonou para cumprimentar o irmão pelo aniversário de 18 anos, apesar de ter sido advertida pela família a não procurar o rapaz.
Com o tio, o relacionamento da jovem foi sempre distante. Conhecidos da família dizem que os Richthofen e os Abdalla nunca se deram bem, a ponto de a avó materna de Suzane, Lurdes Abdalla, não ter nem mesmo ido ao casamento da filha Marísia com Manfred.
Em 30 de junho de 2005, um dia após sair da prisão beneficiada por hábeas-corpus, Suzane entrou com ação na Justiça reivindicando, para sua moradia, o apartamento onde residia a avó paterna, Margot Gude Hahmann. Pouco antes de morrer, em julho de 2004, Margot manifestou ao juiz Alberto Anderson Filho, do 1º Tribunal do Júri, desejo de que a neta fosse morar em sua casa assim que saísse da prisão.
Na mesma ação, Suzane reclamou de que Andreas havia se apoderado do Gol de Margot. No último dia 6 de março, a decisão judicial foi publicada no Diário Oficial do Estado: o juiz determinou o seqüestro do automóvel e intimou Andreas a devolver as chaves do imóvel.
Andreas, por sua vez, entrou com várias ações judiciais para barrar os pedidos da irmã e, com isso, teria retardado o andamento do inventário. O próprio juiz concluiu que Andreas 'tumultuava o processo'.
Suzane entrou com outra ação, em fevereiro deste ano, pedindo para ser a inventariante do espólio. Segundo alegação dela, o irmão estava administrando com 'desleixo e descaso' os bens da família.
Uma das justificativas do pedido é a dívida de R$ 6.548,46, referente ao atraso no pagamento do condomínio do prédio onde morava a avó Margot. Na ação, Suzane ainda denuncia o abandono do imóvel onde ficava o consultório de sua mãe.
Vizinhos do consultório contam que uma placa de aluga-se foi colocada no portão dias após Suzane retornar à prisão. Na imobiliária, a informação é de que a casa já estava para alugar, mas o dono não queria que colocasse aviso. O aluguel pedido é R$ 1.700.
Foi por causa desta última ação judicial e de uma entrevista dada ao 'Fantástico' que Suzane retornou à prisão, em 10 de abril. A Justiça entendeu que a briga judicial representava ameaça a Andreas. Os advogados de Suzane entraram na Justiça com pedido de hábeas-corpus. Mas às vésperas do julgamento deste, o tio Abdalla procurou o juiz e declarou ter visto a sobrinha rondando a sua casa.
Suzane teve então a liminar de hábeas-corpus negada e terá de aguardar na cadeia ao julgamento, previsto para ocorrer no próximo dia 5 de junho.
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