Todos os reversos avariados de aviões da TAM serão consertados apenas no Brasil, após a empresa acertar com o grupo aeroespacial norte-americano Goodrich um investimento conjunto de 14 milhões de dólares para reparar esse tipo de componente em instalações a serem construídas no país.

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A companhia aérea fará o anúncio oficial na sexta-feira, segundo o vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, que nesta quinta-feira levou jornalistas para visitar o centro tecnológico da empresa em São Carlos, interior paulista, onde são resolvidas as avarias mais simples das quase 100 aeronaves da frota da companhia aérea líder de mercado no Brasil.

Quando existem panes mais severas, todo o componente é enviado para o exterior aos cuidados da própria Goodrich, que faz manutenção para aviões da Airbus como o A320, modelo que no mês passado sofreu acidente quando tentava pousar no aeroporto de Congonhas. Após a colisão com prédios na região, morreram 199 pessoas, no pior desastre aéreo do país.

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O investimento da Goodrich para operar na região do centro tecnológico da TAM será de 12 milhões de dólares. A companhia aérea pretende injetar 2 milhões de dólares para construir um prédio no qual ficará a empresa norte-americana, que já tem negócios de pneus no país.

"Nós fazemos parte desse trabalho (de manutenção) aqui, mas, desde já, contaremos com técnicos deles no nosso centro e, em até 15 meses, eles devem estar instalados", disse Amparo aos jornalistas. "É uma questão de break-even tê-los aqui", complementou o executivo, usando o termo que equivale a ponto de equilíbrio, no qual os custos e as receitas se equivalem.

Um dos reversos do Airbus A320 da TAM do vôo 3054, procedente de Porto Alegre, não operava. Apesar do problema no componente que ajuda na frenagem das aeronaves, a empresa insiste que o avião deveria ter pousado independentemente do funcionamento da peça, que fica colada à turbina. Outras peças como os capôs laterais, entradas de ar e cones de exaustão, que funcionam como um escapamento, também passarão por manutenção da Goodrich, segundo a TAM.

Amparo afirmou que essa é a primeira operação do tipo do grupo norte-americano no Brasil, o que não impedirá os estrangeiros de fazerem acordos com outras empresas do país.

De acordo com a TAM, o tempo de vida útil de um reverso acompanha o do avião, de até 40 anos. O custo de manutenção de um reverso pode chegar a cerca de 100 mil dólares, um quinto do valor da peça inteira, de aproximadamente 500 mil dólares.

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Na quarta-feira, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, afirmou à CPI da Crise Aérea que o avião presidencial não voa sem o reverso funcionando, por questão de segurança. O avião da Presidência é um Airbus 319. A TAM faz a manutenção da aeronave do mandatário brasileiro.

Os jornalistas viajaram a convite da TAM. Guiados pelo executivo, que na semana passada prestou depoimento à CPI da Crise Aérea, eles puderam observar os trabalhos de manutenção, entrar na cabine de um A320 para fotografar os manetes, que segundo especialistas não funcionaram adequadamente no pouso fatal, e ainda foram levados ao museu de aviões da empresa, gerido por João Amaro, irmão do fundador da TAM, o falecido comandante Rolim Amaro.

Depois de mostrar vários equipamentos que custavam dezenas de milhares de dólares -incluindo um supercomputador que ele disse valer 5 milhões dólares-, Amparo comentou sobre as dificuldades dos funcionários em lidar com as suspeitas pelo acidente.

"Tem isso tudo aqui, centenas de pessoas qualificadas trabalhando e tem gente que insistiu em duvidar deles. Os funcionários ficam sentidos com isso. Todo mundo aqui tem responsabilidade por todas as peças que são reparadas. Não se pode brincar com isso, especular desse jeito", comentou.

Segundo a assessoria da TAM, mais de 130 milhões de reais foram investidos desde 2000 no centro tecnológico de São Carlos. Parte do financiamento veio do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

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