O presidente do PT, Tarso Genro, deu prazo até quarta-feira para que o deputado José Dirceu decida se afastar da disputa eleitoral interna do partido. Caso contrário, Tarso disse que desistirá de concorrer à presidência do partido na eleição marcada para 18 de setembro.
Dirceu confirmou que vem conversando com outros integrantes do Campo Majoritário sobre o assunto. O deputado admite que, se for desejo da maioria, pode retirar seu nome da chapa que concorrerá à presidência petista. Neste caso, Dirceu só poderá ocupar um lugar na executiva do partido se for escolhido como líder do PT na Câmara
Tarso deixou o Ministério da Educação para assumir a presidência do PT em julho, no auge da crise do partido. Desde então, vem travando uma guerra de bastidores com Dirceu, que já foi presidente da legenda.
Apesar de ter deixado a Casa Civil e estar enfrentando um processo de cassação na Câmara, Dirceu vem mostrando que ainda tem influência nas decisões internas do PT. O ex-ministro é um dos homens fortes do Campo Majoritário, tendência que dominava a cúpula partidária até a eclosão da crise que tirou da presidência o ex-deputado José Genoino.
No fim de julho, Tarso chegou a afirmar que o Campo Majoritário não tinha mais a capacidade de organização política de antes no partido. Mas, na primeira reunião do diretório nacional após a mudança no comando, Dirceu levou a melhor sobre Tarso. O novo presidente defendia que os parlamentares petistas envolvidos nos escândalos do mensalão e do caixa dois que viessem a renunciar aos mandatos não tivessem legenda para disputar eleições em 2006. Mas Dirceu conseguiu impedir o acordo.
A intervenção irritou Tarso. Dois dias depois, ele deu o primeiro aviso de que poderia não disputar a eleição interna caso visse que não conseguiria pôr em prática seu plano de 'repactuar o partido'. O ex-ministro da Educação argumentou que as interferências estavam obstruindo uma transição com autonomia.
- Ele (José Dirceu) tem o direito de participar da reunião, ele é membro da direção nacional, ele não foi expulso, não foi suspenso e não pediu licenciamento. Mas eu gostaria efetivamente que ele não tivesse participado - afirmou Tarso na época.
Na última quinta-feira, Tarso tentou uma cartada decisiva para tirar Dirceu da disputa eleitoral do partido. O presidente petista foi à casa do deputado para pedi-lo que se afaste da chapa do Campo Majoritário que vai disputar a presidência em setembro. Recebeu um "não" como resposta depois de um encontro que durou quase duas horas.
O presidente do PT disse que respeita a decisão de Dirceu. Explicou que a expectativa é de que outros integrantes do Campo Majoritário envolvidos no escândalo também tomem a iniciativa de se retirar. No seu entender, a saída de Dirceu e de outros membros de seu grupo é decisiva para uma vitória dos moderados nas eleições diretas.
- É importante para que a chapa que integro seja de refundação e de reconstrução do partido. O grupo dirigente anterior se esgotou com a crise e isso precisa ficar claro - disse Tarso após o encontro com Dirceu.
Sem acordo com o ex-chefe da Casa Civil, Tarso parte agora para a ameaça direta: se Dirceu não sair da chapa, o atual presidente pode deixar o cargo.
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