O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu nesta terça-feira o uso de escutas telefônicas, alvo de críticas por causa do vazamento de informações nas últimas operações da Polícia Federal. Ele admitiu que o instrumento, cuja regulamentação é discutida por um grupo de trabalho no ministério, tem distorções a serem corrigidas. Mas disse que os grampos serão cada vez mais usados nas investigações.
- Esse não é um grupo de trabalho antigrampo, e sim para potencializar as escutas - advertiu o ministro, prometendo proteger a privacidade de pessoas que não são investigadas pela PF.
Ao discursar para uma turma de agentes recém-formados, Tarso exaltou o papel da Polícia Federal no combate à corrupção.
- O principal nervo exposto do Estado é o seu poder de polícia, que dá sustentação ao Judiciário e exerce controle sobre aqueles que tentam sacar vantagens pessoais do Estado
O ministro afirmou ainda que não vê irregularidades no fato de o Conselho de Ética do Senado ter requisitado à PF perícia de documentos apresentados pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sem que o procedimento fosse aprovado pela Mesa Diretora. Esse argumento foi um dos utilizados pelo presidente do Conselho de Ética para devolver na segunda-feira o processo à Mesa Diretora.
- Não, não houve, do nosso ponto de vista não houve irregularidade nenhuma, apenas um pedido de apoio, uma requisição formal. Da nossa parte não há nenhum problema em relação a isso - afirmou Tarso.
Em reunião reservada que acabou no início da tarde desta terça-feira, a Mesa Diretora decidiu reenviar o processo contra Renan ao Conselho de Ética.