O governo entrou em campo nesta quarta-feira para construir um relacionamento melhor com a oposição sobre projetos de interesse conjunto. O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, foi o nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a tarefa de preparar as pontes com adversários.
Nesta manhã, ele telefonou aos senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Heráclito Fortes (PFL-PI), coordenadores da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência, disse à Reuters uma fonte do Palácio do Planalto. O papel do ministro é criar as condições para que o próprio presidente conduza as conversas.
Lula iniciará os contatos junto ao PSDB e ao PFL na próxima semana, após o feriado.
``O presidente quer conversar ou quer expor uma fotografia conosco para expor? Os projetos serão discutidos no Congresso, com interlocutores do governo, como sempre é feito. Eu ainda não sei o que Lula quer'', afirmou o senador José Agripino (PFL-RN), líder da bancada no Senado.
O diálogo, dizem oposicionistas, precisa ser institucional. Nos bastidores, eles aconselham: se o Planalto quiser algum tipo de contato, deve fazê-lo oficialmente e não procurar, separadamente, alguns representantes dos partidos.
No passado, José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil, usou a receita, classificada como perigosa. Aproximou-se, por exemplo, do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), sem estabelecer o diálogo com os presidentes e os líderes das legendas no Congresso. Agora, é preciso alterar essa prática.
``O espaço é o Congresso e as relações precisam ser institucionais'', alertou Agripino, que ainda não foi procurado pelo ministro.
Há espaço para discutir projetos da pauta parlamentar, mas o governo ainda precisa fazer alguns gestos para obter a boa vontade dos adversários. A primeira condição é colocar nas lideranças governistas do Senado e da Câmara representantes que tenham uma boa relação com a oposição.
O senador petista Tião Viana (AC) é bem visto pelos colegas, ao contrário da atual líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), que protagonizou diversas distensões com parlamentares.
Outra condição é de que os emissários do governo não tenham sido atingidos pelos recentes escândalos e não sofram processos judiciais.
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