O ministro da Justiça, Tarso Genro, criticou nesta segunda (10) o senador Pedro Simon (PMDB-RS) por ele ter apresentado, em sua opinião, "uma ética em Brasília" e outra diferente no Rio Grande do Sul. "O senador Simon inaugurou a ética do Mampituba", afirmou o ministro. Mampituba é um rio que faz a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o nome em tupi-guarani significa "rio de muitas curvas" e é uma expressão muito usada pelos gaúchos para diferenciar o que ocorre no Estado e no resto do País. "Lá em Brasília, ele tem uma ética, fala uma linguagem", declarou. "Aqui no Rio Grande do Sul, ele fala outra ética", criticou Tarso.
Na avaliação do ministro da Justiça, Simon defendeu, em Brasília uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar operações contábeis da Petrobras que permitiriam redução de impostos. No Rio Grande do Sul, foi contrário à criação de uma CPI para investigar o governo Yeda Crusius (PSDB) - que ganhou as assinaturas necessárias para ser instalada na semana passada, depois que o Ministério Público Federal ingressou com ação de improbidade administrativa contra a governadora e mais oito pessoas.
Tarso também questionou o que considerou "acusações implícitas" feitas por Simon ao comportamento da Polícia Federal no Rio Grande do Sul e disse que solicitou, há uma semana, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que acionasse o controle interno do órgão "para verificar se houve algum tipo de indução por parte do Ministério da Justiça".
Com a abertura do procedimento, Simon terá oportunidade de apresentar provas ao procurador, "se não quiser passar por uma pessoa irresponsável", avaliou o ministro. Em maio, Simon havia responsabilizado Tarso por ações da PF que estariam criando "confusão" no Estado, em sua visão. Hoje o ministro voltou a defender a conduta da PF e disse esperar que o senador apresente ao procurador provas de qualquer tipo de "descontrole", sob pena de "passar por falastrão".
Questionado sobre sua expectativa para a campanha eleitoral no Estado, Tarso defendeu que o debate não seja pautado pelo tema da corrupção. "Não deve ser uma eleição radicalizada", analisou, após participar de lançamento de programa de prevenção ao uso de drogas, que começa por cinco regiões metropolitanas, incluindo Porto Alegre. "Isso que a governadora (Yeda) está passando aqui outros governadores já passaram e o processo político não se alterou", comparou o ministro, indicado como pré-candidato ao governo por seu partido.
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