O Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) identificou excessos em pagamentos de diárias em 45 prefeituras e Câmaras Municipais do estado em 2014. Somados, os valores chegam a quase R$ 5 milhões. Os pagamentos foram alvos de uma operação “pente-fino” do órgão de fiscalização, que está notificando os agentes públicos para justificar os excessos.
O levantamento aponta que prefeitos de 18 municípios emitiram 1.330 diárias no ano passado, somando R$ 565 mil em gastos. Outras 27 Câmaras foram notificadas – três por excesso de viagens por pessoa e 24 por gastos com diárias acima de 7% do orçamento das Casas. Juntas, elas desembolsaram pouco mais de R$ 3,7 milhões.
Conforme o levantamento, o prefeito Luiz Antonio Volpato (PMDB), de Moreira Sales, região Centro-Oeste, usou 105 diárias no ano passado. O número aponta que o chefe do Executivo viajou durante quase a metade dos dias úteis de 2014, com despesa total de R$ 56 mil aos cofres públicos. A prefeitura justificou, porém, que um erro do departamento de contabilidade gerou as despesas em dobro e afirmou que o prefeito, na verdade, usou 55 diárias em 2014.
Há outros casos que se destacam, como da Câmara de Vereadores de Mauá da Serra, no Norte do Paraná. Com nove vereadores e orçamento de R$ 1,2 milhão, a Casa desembolsou quase R$ 252 mil em diárias – o que representa 21% de toda verba do Legislativo.
Em valores, a Câmara que mais gastou foi a de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba: R$ 379 mil. A reportagem não conseguiu contato com as assessorias das Casas.
Orçamentos enxutos
Chamou a atenção do TC também o fato de que 80% dos municípios notificados são de pequeno porte, com prefeituras e Câmaras com orçamentos enxutos.
Muitas cidades ficam na região metropolitana de Curitiba, o que, para o órgão, não justifica a alta emissão de diárias, visto que o agente público poderia ir e voltar da capital no mesmo dia.
Conforme o presidente do TC, conselheiro Ivan Bonilha, a suspeita é de uso das diárias para aumento da remuneração dos agentes públicos.
“Em alguns casos deve ser até justificável [o número de viagens], talvez por algum programa específico. Mas, em outros casos, pode ocorrer que o prefeito incremente em muito o próprio salário com diárias”, diz.
As prefeituras e Câmaras notificadas terão 30 dias para enviar ao tribunal justificativas para os gastos.
Caso considere que houve abuso, o TC pode abrir processos contra os agentes públicos, o que pode resultar em devolução dos valores efetuados indevidamente até ao indiciamento do político por ato de improbidade administrativa.