O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) vai ter mais um mês para analisar o processo sobre as contas da gestão de Eduardo Requião no comando da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), em 2004. O julgamento, que deveria ocorrer nesta quinta-feira (24), foi suspenso porque o conselheiro Artagão de Mattos Leão pediu vista do processo para analisar melhor a questão. Com isso ele tem até quatro sessões para devolver o documento. Como as sessões do tribunal ocorrem uma vez por semana, sempre às quintas-feiras, Leão pode ficar com o processo até o dia 24 de março.
Antes de o conselheiro anunciar seu pedido, o relator do processo, auditor Ivens Zschoerper Linhares, fez uma breve apresentação do processo e abriu espaço para uma argumentação do advogado de defesa de Requião, Diogo Salomão Hecke, que é do escritório de Pedro Henrique Xavier, advogado particular de Eduardo Requião. O advogado sustentou que Requião não poderia ser punido por atos de seus subordinados e que várias irregularidades já foram respondidas e sanadas.
Irregularidades
A inspetoria geral do TCE-PR apontou 57 irregularidades cometidas na Appa em 2004, quando os portos eram geridos por Eduardo Requião, irmão do senador e ex-governador Roberto Requião (PMDB). Com base nesse relatório, ao qual a Gazeta do Povo teve acesso, a inspetoria e o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas (MPjTC) emitiram um parecer recomendando a reprovação das contas do ex-superintendente. O julgamento das contas de 2004 da Appa estava marcado para a tarde desta quinta, mas pode ocorrer em até um mês. Se as contas forem reprovadas, o ex-superintendente pode sofrer punições como a inelegibilidade desde que a não aprovação seja confirmada em votação da Assembleia Legislativa.
As irregularidades apontadas são falhas de fiscalização, problemas de gestão, falta de investimentos e erros em licitações. Outras deficiências apontadas são a falta de dragagem de aprofundamento do canal de acesso e da bacia de evolução do Porto de Paranaguá, falha na fiscalização dos contratos de limpeza do cais e erros no contrato de dragagem firmado com a empresa Bandeirantes.
Problemas
Confira algumas das 57 irregularidades de gestão na Appa referentes a 2004:
Falta de investimentos
O relatório do TC critica a gestão da Appa por não ter realizado investimentos, como o aprofundamento do canal de acesso ao porto, e ampliações, apesar de ter dinheiro em caixa. O Porto de Paranaguá teve um superávit de R$ 13,2 milhões em 2004. Documento apresentado em março de 2010 pelo ex-superintendente Daniel Lúcio Oliveira de Souza afirma que não havia como realizar o serviço de aprofundamento por falta de licenciamento ambiental.
Contrato de dragagem
O parecer do TC critica a retomada do contrato de dragagem com a empresa Bandeirantes. Em janeiro de 2003, o contrato com a empresa foi rompido e iniciou-se uma batalha judicial entre a Bandeirantes e a Appa. Porém, em 2004, com a necessidade de realizar dragagem, o contrato com a empresa foi retomado. Segundo o documento, a Appa pagou R$ 6,2 milhões entre fevereiro e outubro de 2003 (quando o contrato estava vigente) e R$ 5 milhões correspondente ao período em que o contrato não estava vigente, entre outubro de 2003 e maio de 2004. "A atitude da Appa em aceitar a retomada do contrato, nestas condições, é no mínimo estranha, já que considerava a empresa inadimplente por não realizar os serviços de dragagem", diz o relatório. A Appa defendeu a medida, dizendo que todas as outras empresas procuradas cobraram em média quase 150% mais caro que a Bandeirantes.
Arrendamentos
O TC aponta que o porto não tem controle das áreas que arrendou a terceiros.
Contrações de emergência
O relatório da inspetoria do TC afirma que as constantes contratações por emergência no Porto de Paranaguá comprovam a falta de planejamento da superintendência. O relatório cita o exemplo da empresa Seahorse Serviços Subaquáticos que recebeu R$ 25,8 mil para realizar serviços de reparo e relocação de bóias de sinalização. O TC diz que a Appa deveria ter a formalizado o processo de dispensa de licitação autorizada pelo governador. Outro exemplo é o de acompanhamento batimétrico (medição de profundidade), que também é contratado sempre em caráter de emergência. "Recomendamos que a Appa mantenha um contrato com empresa especializada, para executar o monitoramento periódico da profundidade do canal de acesso e bacia de evolução, informando à Autoridade Marítima a respeito do calado máximo de operação dos navios".
Fonte: Processo 178.807/05 do TC-PR
Governo promete reforma, mas evita falar em corte de gastos com servidores
Brasil tem portas fechadas em comissão da OEA para denunciar abusos do STF
CEO do Carrefour pede desculpas por criticar qualidade de carne brasileira
Como fica a divisão de poder entre direita e esquerda na América Latina após as eleições no Uruguai
Deixe sua opinião