Sede do TCU em Brasília: bases de dados de licitações não são confiáveis e os controles para inibir a ocorrência de falhas e fraudes são ineficientes| Foto: José Cruz/ABr

Problemas

Veja as principais irregularidades encontradas nas licitações feitas por meio do portal Comprasnet, segundo o TCU:

• Contratos firmados pela administração pública federal com empresas pertencentes a parlamentares.

• Empresas diferentes, mas com os mesmos sócios, apresentam propostas para a mesma licitação.

• Contratação de empresas declaradas inidôneas ou condenadas por improbidade.

• Contratos que foram aditivados em mais de 25% do valor inicial, ou dentro do limite, mas antes do prazo mínimo de 180 dias.

• Empresas participantes de pregões cujos sócios são membros da respectiva comissão de apoio, ou são de servidores públicos do órgão contratante.

• Empresários que não cumprem propostas apresentadas continuam participando de outras licitações.

• Contratações decorrentes de registro de preço para compra de itens em quantidade superior a 100% do definido em ata.

• Contratos assinados após o prazo máximo de validade da ata de registro de preços e uso de registro de preços de outras esferas administrativas.

• Utilização irregular do benefício de desempate por microempresas e empresas de pequeno porte.

• Existência de contratos não cadastrados no sistema (apesar da irregularidade, não causaram impacto nas contas dos órgãos auditados).

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Os sistemas de licitações e compras da União, usados por diversos órgãos federais, têm uma série de irregularidades que abrem brechas para fraudes e podem causar prejuízo aos cofres públicos. A conclusão é do Tribunal de Contas da União (TCU), que detectou 18 irregularidades no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg), que gerencia as contratações, e no Comprasnet, que é o portal de compras do governo federal para aquisição de bens e serviços comuns. As duas ferramentas são de responsabilidade do Ministério do Planejamento.

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De acordo com a auditoria feita pelo TCU, os sistemas têm problemas estruturais – as bases de dados não são confiáveis e os controles para inibir a ocorrência de falhas e fraudes são ineficientes – e operacionais, causados por gestores e servidores.

Entre as falhas apontadas estão a contratação de empresas condenadas por improbidade administrativa e declaradas inidôneas; aquisição de itens em quantidade superior ao permitido pelas atas; casos de empresas diferentes, mas com sócios em comum, participarem da mesma licitação; contratação de empresas cujos sócios são servidores do órgão contratante; e contratos firmados com empresas pertencentes a parlamentares.

Outra falha recorrente foi a falta de iniciativa do poder público em punir empresários que deixaram de honrar suas propostas. Isto é, eles foram declarados vencedores em determinado certame, mas depois desistiram, ou não apresentaram a documentação necessária. No entanto, não foram punidos e repetiram a mesma coisa em outras licitações.

Envolvidos

Não é possível saber exatamente quais órgãos públicos cometeram as irregularidades apontadas, pois o TCU determinou que essa informação permaneça em sigilo. Mas algumas das recomendações feitas na auditoria são endereçadas ao próprio Tri­­bunal de Contas da União, ao Ministério da Defesa, à Câmara e ao Senado; e ao Conselho Na­­cional de Justiça (CNJ) e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), para que orientem as instituições sob sua atuação para evitarem as falhas.

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A auditoria sugere que os órgãos passem a punir as empresas que cometam irregularidades nos processos licitatórios; que acompanhem o cadastro das empresas declaradas inidôneas; que se atenham aos limites e prazos de compras quando usarem o sistema de registro de preços (SRP); que não usem SRP de órgãos municipais ou estaduais e que só iniciem o processo após ampla pesquisa de mercado; que verifiquem se entre os sócios das empresas contratadas há servidores do próprio órgão; e que façam planejamento adequado das compras, entre outras coisas.

Outro lado

O Ministério do Planejamento tem 60 dias para encaminhar ao TCU um plano de ação com as medidas que adotará para sanar os problemas. O órgão foi procurado ontem para comentar a auditoria, mas informou, via assessoria de imprensa, que só o fará depois que for notificado.

Entretanto, no relatório do TCU, consta que o ministério recebeu um relatório preliminar, no qual afirma que as conclusões e propostas apontadas pelo tribunal remetem à necessidade de aperfeiçoamento operacional e legal do Siasg e do Comprasnet. O ministério informou ainda da existência de diversas ações em curso para aprimoramento dos sistemas.