O complexo penal em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo/Arquivo

Eleito presidente do Tribunal de Contas do Paraná (TC-PR) para o biênio 2017-2018, o conselheiro Durval Amaral anunciou um pente-fino nos gastos do governo do estado com o sistema penitenciário. A primeira medida à frente do cargo pretende avaliar a eficiência dos R$ 720 milhões aplicados no setor em 2016 e identificar falhas na ressocialização dos presos. “Se houver má gestão, o tribunal poderá aplicar as sanções que julgar corrretas aos ordenadores de despesas”, afirmou.

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Em entrevista coletiva à imprensa momentos antes de tomar posse, Durval disse que, diante da atual calamidade nos presídios brasileiros, o TC tem o dever de agir de imediato - e não depois de passado muito tempo. Segundo ele, uma equipe técnica do tribunal será constituída já nesta quinta-feira (12) e terá 60 dias para levantar dados e consolidar informações sobre as penitenciárias do estado. A ideia é avaliar a estrutura física do sistema e, principalmente, o grau de sucesso da ressocialização dos ex-detentos.

Análise das contas de Richa em 2016

Por sorteio realizado nesta quinta-feira (12), ficou definido que o conselheiro Fernando Guimarães será o relator no TC das contas de 2016 do governador Beto Richa (PSDB).

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De acordo com dados do Executivo estadual, cada um dos cerca de 20 mil presos paranaenses custou R$ 35 mil aos cofres públicos no ano passado - sem levar em conta os quase 10 mil detidos nas delegacias. “A sociedade gasta muito em impostos e tem o direito de querer que o cidadão saia da cadeia não com pós-graduação na escola do crime, mas sim com condições de trabalhar e não mais delinquir”, defendeu Durval.

O novo presidente da Corte disse ter certeza que, vencidos os 60 dias de trabalho da equipe técnica, será necessária a instauração de auditorias operacionais para esmiuçar de maneira mais detalhada os gastos estaduais no sistema prisional.

Secretário concorda com a auditoria; Depen solicita o mesmo orçamento

Presente na posse de Durval Amaral, o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita, classificou como válida a iniciativa do TC de auditar os gastos do sistema prisional do estado. Dizendo ter certeza que os técnicos do tribunal farão críticas e sugestões construtivas - e que elas serão bem-vindas -, afirmou ter a obrigação de contribuir com o TC para melhorar a qualidade do serviço público.

Mesquita, porém, defendeu que rever as políticas de ressocialização e baixar os índices de reincidência de ex-presos não passa apenas pelo campo da execução penal. Segundo ele, a questão deve ser avaliada em conjunto com mudanças de caráter legislativo. “Isso envolve uma revisão penal, de processo penal, para que a gente possa melhorar as políticas de segurança pública. Todas essas questões são linkadas.”

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Em entrevista à Gazeta do Povo nesta semana, o diretor do Departamento de Execução Penal (Depen) do Paraná, Luiz Alberto Cartaxo, afirmou que o órgão vai precisar de pelo menos o mesmo orçamento dado no ano passado, ou seja, R$ 720 milhões. Cartaxo também disse que uma parceria com a iniciativa privada para gestão de presídios foi descartada no estado, por causa de uma estimada alta do custo de manutenção dos presos.

Durval Amaral (ao centro), ladeado pelo governador Beto Richa (à esq.) e o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano 

O novo presidente do TC

Eleito conselheiro do Tribunal de Contas em 2012, com o voto de todos os deputados estaduais (54 a zero), Durval Amaral, à época no DEM, era um dos mais influentes parlamentares da Assembleia Legislativa, com a experiência de seis mandatos. Além da atuação no Legislativo, exerceu cargos públicos na região de Londrina, especialmente em Cambé, e foi também secretário de estado na gestão Beto Richa (PSDB).

Já como conselheiro, foi encarregado de relatar o julgamento das contas do tucano, de quem fez parte do governo, e rejeitou se declarar impedido, por uma alegada proximidade com o governador. Apesar do parecer do Ministério Público de Contas pela rejeição das contas de Richa em 2014, Durval Amaral recomendou ao TC a sua aprovação.

Amaral foi citado nas investigações das operações Quadro Negro (que apura desvios na educação) e Publicano (que tenta esclarecer irregularidades relacionadas à Receita Estadual), mas os casos ainda não tiveram desfecho. O ex-deputado ainda foi citado pelo doleiro Alberto Youssef, delator da Operação Lava Jato, como um dos beneficiários do esquema Copel/Olvepar, que teria sido montado para beneficiar aliados do grupo político de Jaime Lerner, então governador. O agora presidente do TC, eleito em 2016 para substituir Ivan Bonilha, nega todas as acusações.

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Obras paradas sob vigilância

Outra medida da nova gestão do TC será a implantação de uma equipe permanente para acompanhar o andamento de obras do governo do estado e das prefeituras dos 399 municípios paranaenses. Citando as construções e reformas de escolas paralisadas em virtude dos desvios investigados pela Operação Quadro Negro, o conselheiro Durval Amaral disse que “elefantes brancos serão combatidos com toda a austeridade”. Além de visitas técnicas in loco, o tribunal pretende lançar aplicativos que permitam a qualquer cidadão denunciar eventuais irregularidades em obras pelo estado.