Técnicos não encontram problemas em montanha-russa no RJ

Técnicos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) periciaram nesta terça-feira pela manhã a montanha-russa do Parque Terra Encantada, no Rio de Janeiro, de onde o vendedor Franck Ribeiro, de 28 anos, caiu na madrugada de domingo. Segundo o diretor do ICCE, Liu Tsun Yae, a parte mecânica do brinquedo, incluindo a trava dos carrinhos, está funcionando normalmente. Ele descartou também a possibilidade de o rapaz ter sido lançado para fora da montanha-russa, como sustentam as testemunhas do acidente.

Leandro Alves, de 21, disse que estava ao lado de Franck e negou que ele estivesse de pé na hora do acidente. A testemunha sustenta que o vendedor foi lançado para fora do carro. Já a estudante Shaiana Pereira, de 21, afirma que a tranca do carro estava solta.

Segundo o diretor, o ICCE está aguardando o esquema de montagem do brinquedo, que será fornecido pela direção do parque, para depois fazer os cálculos necessários para a conclusão do laudo.

A família do vendedor afirmou que pretende entrar com uma ação na Justiça por danos morais e também materiais contra o parque. Franck, que está internado no Hospital Miguel Couto, sofreu traumatismo craniano e de tórax. Ele está em coma e respira com auxílio de aparelhos. Seu estado de saúde é grave e não há previsão de alta. O rapaz caiu de uma altura estimada em quatro metros durante a realização de uma festa B.I.T.C.H. (Barbies in Total Control Here), no último domingo.

- Ele (Franck) vai precisar de cuidados especiais, então nós não temos condições de arcar com estas despesas. Pelo menos isso nós pretendemos pedir - declarou o pai do rapaz, Jorge Nascimento.

Tanto o parque quanto a produtora Associação Glam Slam apresentaram os alvarás necessários para a realização do evento. Segundo a direção do Terra Encantada, a polícia fez uma perícia preliminar no brinquedo no domingo e não encontrou qualquer anormalidade. Como de segunda a quarta-feira o parque não é aberto ao público, o local do acidente continua preservado.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-RJ), Reynaldo Barros, esteve na segunda no parque, acompanhado de técnicos da Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria municipal de Governo. Eles analisaram o lugar do acidente e tiraram fotos. O Crea autuou e multou o parque por trabalhar com profissionais não habilitados. Dois técnicos - um mecânico e um eletricista - não têm registro profissional. A multa é de R$ 350 por cada profissional sem registro.

- A comissão de análise, formada por engenheiros, mecânicos, eletricistas e especialistas em segurança do trabalho, vai divulgar dentro de 30 dias um laudo sobre as condições de segurança da montanha-russa e dizer se houve ou não negligência por parte dos funcionários na operação do brinquedo. Pelo que observei, não deveria ser permitido andar sozinho no carrinho, justamente para evitar que a pessoa se livre da barra de segurança. Também achei que a trava da barra de segurança, que fica do lado de fora do carrinho, é muito vulnerável - disse Barros.

Funcionários do parque contaram que Franck estava sozinho no banco do carrinho e, por isso, teve condições de mexer as pernas e se livrar da barra de segurança. Ele teria ficado em pé para acenar para amigos, desequilibrando-se e caindo.

Mesmo sem poder visitar a vítima no Miguel Couto, amigos de Franck estão se revezando em vigília no hospital. Na segunda, o técnico em eletrônica Rodrigo Valsoni disse que, no momento, todos estão preocupados é com a saúde de Franck. Mas não descartam a possibilidade de se mobilizar para processar o parque pelo acidente.

- O Franck não tinha bebido nada e nem tinha como se soltar, como estão dizendo. Não vi a queda, mas acredito que foi quando o carrinho fez a curva - disse Rodrigo.

O produtor Teo Alcântara, da Glam Slam, que há 11 anos promove a festa B.I.T.C.H. - sendo cinco no Terra Encantada - disse ainda estar atordoado. Segundo ele, é a primeira vez que acontece um acidente desse tipo em seus eventos. No domingo, Teo entrou em contato com a família da vítima, que vive em São Gonçalo.

- Estou acompanhando o estado de saúde do rapaz. A família me pareceu bem tranqüila em relação ao caso - disse ele.