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Burocracia, morosidade, filas gigantescas, descaso, desinformação. Apesar de várias tentativas de melhoria nas últimas décadas, motivadas por espasmos de boas intenções dos governantes, a máquina pública brasileira apresenta ainda um nível de eficácia sofrível, capaz de causar arrepios no cidadão que precise tratar de qualquer assunto que envolva a esfera governamental – seja a obtenção de um simples documento ou qualquer outro serviço essencial. Esse cenário começa a mudar no Brasil, ainda que tardiamente, com a adoção do governo eletrônico. O tema foi objeto de estudo do escritor Fábio Zugman, bacharel em Ciências da Computação e mestre em Administração, que mergulhou no mundo do e-government para defender sua tese. No livro "Governo eletrônico – Saiba tudo sobre essa revolução", que será lançado amanhã em Curitiba, Zugman mostra que, apesar dos avanços na área, o Brasil ainda é um país extremamente desigual no tratamento ao cidadão via internet.

O que o governo eletrônico mudou no poder público?Geralmente, quando se estuda administração, fala-se muito em teorias, modelos, grandes esquemas. E o que eu vi nesta pesquisa é que muitas vezes são coisas pequenas, simples, que acabam propiciando uma grande mudança. Foi o que aconteceu no Detran-PR, quando implantaram a política de comunicação por e-mail. Hoje em dia você pensa que este é um instrumento muito óbvio, que todo mundo usa. Mas na época isso representou uma revolução, uma mudança de hábito.

Dentro do setor público, o que chamou mais a atenção dentro do que você pesquisou?Uma coisa muito legal é a relação entre a estrutura técnica e a teoria utilizada na organização. Governo eletrônico não é algo pesado, uma estrutura gigantesca com hardwares e softwares. No meu livro não utilizei nenhuma palavra técnica da área. O legal é isso: a forma como algo que teoricamente é extremamente técnico consegue mudar o modo como as instituições se organizam, o modo como as pessoas pensam.

E para o cidadão, o que mudou?Essa revolução promoveu uma "capilaridade" – aquela capacidade de atingir a todo mundo. Eu cito o exemplo de um site do governo de Hong Kong, onde o cidadão, quando vai casar, pode solicitar pela internet a certidão de casamento. Mas não só isso: pode marcar também horário com um juiz de paz, reservar um bufê, escolher flores, contratar motorista e até fotógrafo. Não é aquela coisa de ficar na fila um dia todo para assinar um documento. O governo atende o cidadão e ainda oferece outros serviços. Há ainda um outro aspecto: é claro que uma mudança dessas é assimilada mais rapidamente por alguns cidadãos, enquanto outros têm ainda certa aversão. Mas se há uma pessoa que prefere fazer tudo em casa, pelo computador, e assim deixa de entar na fila, então mesmo aquele que não usa o meio eletrônico também está sendo beneficiado, porque a fila diminuiu.

Como o Brasil está inserido neste aspecto?Existem ilhas de excelência por aqui – e o Detran-PR é uma delas –, mas há muita coisa para resolver ainda. É um país onde você encontra o que há de melhor e também as estruturas mais deficientes. O Paraná, por exemplo, começou muito cedo a olhar para esse lado. E criou a Celepar, uma empresa que presta serviço e atende o estado como se fosse um cliente. É um órgão que vai totalmente contra aquele estereótipo de empresa governamental onde nada funciona.

Você fala muito na melhora que o governo eletrônico propiciou nos serviços prestados ao cidadão. Mas e quanto à transparência?O governo, no Brasil, é visto como uma caixa-preta: todo mundo é obrigado a pagar imposto e não sabe para onde vai o dinheiro. A tecnologia está começando a mudar isso. Hoje em dia há, por exemplo, sites onde o cidadão consegue vislumbrar que obras públicas estão em andamento e quanto está sendo gasta em cada uma delas. Não existe ainda transparência total, mas já houve um avanço.

Serviço: Lançamento do livro Governo Eletrônico, de Fábio Zugman. Megastore das Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigüi (ua Professor Pedro Viriato Parigot de Sousa, 600), (41) 3330-5160. Hoje, às 19 horas.

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