O vice-presidente Michel Temer participou nesta terça-feira (29), por videoconferência, de um evento jurídico com a presença de tucanos em Portugal e aproveitou para elogiar a atuação do poder Judiciário e as privatizações ocorridas na década de 1990, nos governos dos ex-presidentes Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.
Com a coordenação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e a participação dos senadores do PSDB José Serra e Aécio Neves, o 4.° Seminário Luso-Brasileiro de Direito teve início com uma mensagem gravada por Temer.
“As instituições do nosso país estão funcionando muito bem: Legislativo, Executivo e Judiciário. O Judiciário hoje tem uma presença muito forte, muito significativa, que há de ser saudada por todos aqueles que se preocupam com um bom comportamento ético e político”, afirmou. O vice-presidente também aproveitou para destacar o fim do monopólio estatal em diversos setores, ressaltando especialmente a atuação das empresas privadas de telefonia.
Sem tocar na crise política atual, Temer elogiou os protestos ocorridos em junho de 2013. “Esses protestos [de junho de 2013] foram criticados por muitos, mas foram por mim saudados, porque eles revelaram uma nova fase na democracia do país. As pessoas passaram a exigir eficiência nos serviços públicos e nos serviços privados, e ética na política e um comportamento político adequado aos órgãos públicos. Há novas realidades no Brasil e isso gera uma terceira fase na democracia, uma democracia da eficiência”, completou.
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Leia a matéria completaMichel Temer seria o orador principal da abertura do seminário, nesta terça-feira, mas cancelou sua presença durante o fim de semana devido à reunião do PMDB que define o destino do partido no governo.
Os três assuntos abordados por Temer – atuação do Judiciário, privatizações e protestos de rua – tem sido constante alvo de críticas do PT e de aliados de Dilma. Ao afirmar que o país vive um novo momento da democracia, indiretamente o vice rechaça a posição do governo de afirmar que há um golpe em curso no país.
Serra hostilizado
Sob vaias e gritos de “não vai ter golpe”, o senador José Serra (PSDB-SP) foi recebido por cerca de 40 pessoas que protestavam contra o evento. O tucano chegou ao local acompanhado do ministro do STF José Antonio Dias Tofolli, que também foi alvo dos protestos. Enquanto os demais palestrantes utilizaram uma entrada secundária para evitar os manifestantes, Serra e Toffoli acabaram entrando pela porta principal, onde o grupo se concentrava.
Convocado pelas redes sociais, o protesto reuniu brasileiros residentes em Portugal descontentes com o conteúdo do seminário, classificado como “conspiratório” por vários grupos. Organizado conjuntamente pelo IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público) e pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, o 4.° Seminário Luso-Brasileiro de Direito esteve envolvido em polêmicas tanto no Brasil quanto em Portugal desde que a lista de oradores começou a circular.
Depois da ampla repercussão da presença dos nomes pró-impeachment em Portugal, os políticos portugueses preferiram se distanciar do evento. Com a justificativa de questões de agenda, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, que já foi professor da universidade em que ocorre o evento, não irá participar. Para a imprensa portuguesa, o encontro com figuras pró-impeachment “assustou” os políticos do país.
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