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Eliseu Padilha (Casa Civil), Michel Temer e Henrique Meirelles (Fazenda), durante primeira reunião de trabalho do novo governo. | Isaac Amorim/MJ
Eliseu Padilha (Casa Civil), Michel Temer e Henrique Meirelles (Fazenda), durante primeira reunião de trabalho do novo governo.| Foto: Isaac Amorim/MJ

Nem bem assumiu a Presidência, o interino Michel Temer (PMDB) tem como desafio estabelecer uma boa relação com as centrais sindicais se quiser tirar grandes reformas do papel. Os grupos se mantiveram rachados durante o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT): enquanto alguns não legitimam a saída da petista e devem se manter mobilizados contra Temer, outros apoiaram a ascensão do vice.

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Apenas a menção à reforma previdenciária, por exemplo, provocou reações instantâneas. Exemplo disso foi a nota divulgada pela Força Sindical – segunda maior do país – nesta sexta-feira (13) sobre as declarações do novo ministro da Fazenda ,Henrique Meirelles, que falou da necessidade de eventuais mudanças na Previdência e a adoção de uma idade mínima ou aumento do tempo de contribuição. O deputado Paulinho da Força (SD-SP), presidente da entidade, classificou as afirmações como “estapafúrdias”.

Novo governo terá mais facilidade com patrões, avalia cientista político

O cientista político Wellington Nunes entende que a relação do presidente interino Michel Temer (PMDB) com as centrais sindicais “tende a ser um problema para o novo governo”. “Ele tem maior trânsito com as centrais patronais, mas maior dificuldade com os grupos trabalhistas”, aponta.

Segundo ele, apesar de não necessariamente defender a manutenção de Dilma Rousseff (PT) no poder, os grupos devem reagir a qualquer ameaça aos interesses dos sindicatos. “Se o Temer encampar as reformas que estão paradas, vai haver reação. Os representantes e representados [das centrais] entendem que não devem pagar a conta”, explica.

Como reação, Temer convocou uma reunião para esta segunda-feira (16) com representantes da Força Sindical, UGT, Nova Central e CSB. Também convidou a CUT e a CTB, ligadas ao PT e ao PCdoB, respectivamente. Ambas não deram resposta.

Apesar de as publicações da Força Sindical afirmarem que a instituição se mantém “neutra” em relação ao impeachment de Dilma, Paulinho foi um dos principais articulares da saída da presidente no Congresso. Ele se tornou interlocutor de Temer junto a outras centrais e grupos ligados ao PT, como o MST. Mesmo dentro da entidade, a opinião não é unânime − a ala paranaense da Força Sindical, por exemplo, é contrária à saída de Dilma.

A nova atitude do parlamentar afirmando, na nota, que Temer deve “seguir os caminhos acordados com os trabalhadores e com as centrais sindicais nas reuniões realizadas recentemente” mostra como é delicada a situação do presidente interino. De um lado, é cobrado por reformas para acalmar o mercado econômico e, de outro, estremece ainda mais a já delicada relação com os sindicatos se mexer em áreas prioritárias dos trabalhadores.

Ilegitimidade

A CUT, maior central sindical do Brasil, se posiciona contrariamente ao impeachment e é uma das principais forças que, ao lado de Dilma, atua para atribuir ao governo Temer “o fim dos direitos dos trabalhadores”. “O golpe que eles estão dando é contra as políticas sociais do governo, é acabar com o Bolsa Família, com o Minha Casa, Minha Vida e os outros projetos”, diz em vídeo o presidente da entidade, Vagner Freitas.

Não serão afetados direitos adquiridos. Agora, para que nós possamos garantir que o aposentado receba no fim do mês, temos que corrigir o sistema.

Eliseu Padilhaministro da Casa Civil, em entrevista a O Globo.

Secretário de Comunicações da CUT-PR, Daniel Keller Mittelbach destaca que a central deve se manter mobilizada contra as ações do governo do peemedebista. “A sociedade vai perceber a cada dia que esse governo não a representa. A crise de legitimidade é a principal crise desse período”, diz.

Segundo ele, já nos primeiros dias, com o anúncio de reformas – como a previdenciária – Temer já mostrou que deve atuar “contra os direitos dos trabalhadores”.

Impeachment divide centrais sindicais

Outros grupos sindicais também devem se manter atentos a qualquer movimentação de Michel Temer (PMDB) na cadeira de presidente da República. Ao lado da CUT, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) divulgou posicionamento contrário ao impeachment de Dilma.

Em seu site, a instituição diz que o governo peemedebista representa um retrocesso neoliberal e um atentado aos direitos dos trabalhadores, ao pré-sal e aos movimentos sociais. “Carece de legitimidade e, por tudo isto, será contestado. Não merece e nem terá trégua nas ruas”, se posiciona a publicação sobre a atitude da central sindical sobre o governo interino.

Já a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) se posiciona favoravelmente a Temer e confia que o novo presidente deve manter uma relação “republicana” com as centrais. “Num primeiro momento deve haver confronto [com os sindicatos], mas daqui a pouco, com as ações do presidente, os movimentos devem se acalmar”, diz o presidente Antonio dos Santos Neto.

Outra central que está ao lado do peemedebista é a União Geral dos Trabalhadores (UGT), terceira maior do país. “Vamos ter partidos e a CUT numa oposição ferrenha [contra Temer], mas todos temos as mesmas bandeiras, como o emprego. Baixando a poeira, as centrais estarão cada vez mais unidas”, diz, otimista, o presidente da instituição, Ricardo Patah.

Já a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) divulgou nota anunciando neutralidade em relação ao novo governo, mas avisa que “toda proposta com viés retrógrado será prontamente rechaçada”.

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