O vice-presidente Michel Temer reclamou da pressão que tem sofrido para a composição de uma equipe ministerial e confirmou que pretende aguardar o possível impeachment definitivo da presidente Dilma Rousseff, que pode ocorrer até seis meses após o afastamento dela da Presidência, para reduzir o atual número de pastas.
Segundo o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que se reuniu com o vice-presidente nesta quarta-feira (4), o peemedebista disse que não pode cometer o equívoco de extinguir uma estrutura e depois tê-la de recriar. “Ele disse que, na transição, não quer cometer um equívoco de extinguir uma coisa e depois ter de refazer ou enxertar em algum lugar. E que, como vai assumir provisoriamente, vai aproveitar para ver isso”, disse. “Eu entendi que ele não faria essa redução agora e acho que ele está certo, para não cometer um equívoco só para atender a expectativa da sociedade”, acrescentou.
Temer nem assumiu, mas PSDB e PSD já “brigam” por ministério
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Pressionado por dirigentes partidários, o peemedebista admite o adiamento do anunciado corte de ministérios. Se antes a disposição era de logo nos primeiros dias reduzir de 32 para 26 o número de pastas, agora ele cogita um prazo máximo de 180 dias para as mudanças.
A justificativa oficial é que Temer não poderia correr o “risco de errar” eliminando, de saída, estruturas importantes para o país. Na prática, o recuo é resultado das resistências que tem encontrado para reduzir espaços entre os partidos que lhe prometem apoio.
Na conversa com Jarbas, Temer disse ao parlamentar que ele era uma exceção ao tê-lo procurado sem interesse em cargos em uma eventual administração. “Hoje, o quadro é pobre e é importante que ele tenha isso na cabeça. Nós estamos como uma das Câmaras dos Deputados mais pobres de nossa existência”, criticou o parlamentar peemedebista.
Ele relatou ainda que fez críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante o encontro, mas o vice-presidente “só fez ouvir”. “Eu dei minha opinião a ele de desconforto e reiterei que [Cunha] é uma figura menor e depõe contra a Câmara dos Deputados”, disse. “Vamos ver se o STF [Supremo Tribunal Federal] fará o que o Poder Legislativo não fez”, acrescentou, em referência ao afastamento do peemedebista do cargo.
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