O deputado reeleito Michel Temer (SP), presidente nacional do PMDB, fez duras críticas nesta segunda-feira à crescente adesão de parlamentares ao seu partido, buscando abrigo em uma legenda que agora está oficialmente na base de apoio do governo. Segundo Temer, a coalizão que os peemedebistas fecharam com o governo do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não significa uma troca de benesses.
- A coalizão não implica concessão de benesses, mas sim união de forças políticas para governar juntos - disse Temer, em palestra sobre reforma política realizada nesta segunda-feira na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
De acordo com o presidente do PMDB, em termos numéricos o partido até poderia encarar o fato de maneira positiva, mas o lado negativo pesa mais.
- Em termos programáticos é muito ruim, pois desvaloriza o partido perante a opinião pública, dando a impressão de que se quer as benesses do governo federal - considerou.
Durante o seminário da Fiesp, Michel Temer reafirmou sua posição otimista em relação à reforma política:
- Dessa vez, vai. Acho que vamos conseguir fazer a reforma política - afirmou.
O senador Jorge Bornhausen (SC), presidente nacional do PFL, que também participou do debate ao lado do deputado Silvio Torres (PSDB-SP) e do deputado estadual Arnaldo Jardim (PPS), discordou de Temer, enumerando todas as vezes, desde que foi feita a Constituição, em 1988, que a reforma política esteve sem sucesso na pauta. Mas afirmou que o principal entrave da reforma é o "balcão de comércio" que se instalou entre os parlamentares.
- Temos que derrotar o balcão de mercadorias, aqueles que conseguem alguma coisa a mais a cada votação, seja honesta ou desonestamente - disse Bornhausen.
Outro participante, o deputado reeleito José Eduardo Cardozo (PT-SP), afirmou também que existe um espaço muito grande entre querer a reforma política e promovê-la de fato.
- A reforma política é da sociedade e não do governo. Enquanto houver disputa política, ela não sai e os escândalos históricos podem se repetir - disse o petista.