O presidente Michel Temer decidiu nesta sexta-feira (9) demitir Fábio Medina Osório da Advocacia-Geral da União (AGU) e nomear a secretaria-geral de contencioso da AGU, Grace Maria Mendonça, para o cargo. Ela será a primeira mulher a ocupar um ministério no governo Temer.
A nomeação foi cercada por polêmica. Ele teria sido informado na quinta-feira, pelo ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, de que seria demitido do cargo. Há dias, o advogado vinha dizendo publicamente que está sendo fritado por Padilha. Além disso, o imbróglio jurídico na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) gerou desgaste para o ex-advogado-geral da União. Medina respondeu que não deixaria o cargo por conta própria e que, se o governo quisesse retirá-lo do cargo, Temer teria que demiti-lo.
Medina chefiava a AGU desde o começo do governo interino, em 12 de maio, e é o quarto ministro do governo do presidente Michel Temer a cair. Já haviam saído Romero Jucá, do Planejamento, em 23 de maio; Fabiano Silveira, da Transparência, Fiscalização e Controle, em 30 de maio; e Henrique Eduardo Alves, do Turismo, em 16 de junho.
Segundo fontes do Planalto, Temer esteve pessoalmente com Grace nesta manhã em seu gabinete e falou com Osório apenas por telefone. Com a substituição, Temer pretende resolver dois problemas: inclui a primeira mulher no primeiro escalão do governo e tira um ministro que, além de ter um trabalho que vinha sendo contestado pelo governo, teve uma conversa classificada por alguns interlocutores como “dura” com o ministro da Casa Civil.
Grace Mendonça é funcionária de carreira da AGU e responsável pelo acompanhamento das ações no Supremo Tribunal Federal. O governo não conta mais com a AGU como ministério, mas vai enviar uma PEC ao Congresso para garantir que o Advogado-Geral da União tenha as mesmas prerrogativas de ministro.
A nomeação de uma mulher para o posto visa minimizar as críticas feitas a Temer desde que ele assumiu o comando interino do país em maio. Na época, ele apresentou seu novo ministério composto apenas por homens. Desde então, ele tentava driblas as críticas dizendo que havia mulheres em cargos importantes como na presidência do BNDES. Durante a sua viagem à China, Temer chegou a minimizar a questão da representatividade de gênero.
Problemas
Além dos problemas com Padilha, Osório deixa a pasta “pelo conjunto da obra”. Uma das primeiras críticas a ele foi o fato de ele ter sugerido estratégias que se revelaram ineficientes e equivocadas no caso da substituição do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Melo, no início da interinidade do presidente Temer, o que gerou uma série de problemas ao governo na estatal.
Tais questões estão, aparentemente, resolvidas com a suspensão da liminar concedida pelo ministro Dias Toffoli, do STF, permitindo que Melo se mantivesse à frente da presidência da empresa.
Pouco depois, desagradou também ao Planalto a iniciativa de Osório de investigar a atuação de seu antecessor, José Eduardo Cardozo, criando mais uma frente de atrito. Além disso, ele teria “atropelado” seu padrinho, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, marcando uma “reunião de emergência” com Temer para despachar assuntos de rotina.
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