Um ministério enxuto, encabeçado por “notáveis” e amparado por uma base parlamentar superior a 70% do Congresso Nacional. Esse é o eixo planejado para um possível governo Michel Temer, que vai substituir a presidente Dilma Rousseff caso o impeachment da petista, aprovado pela Câmara, seja confirmado pelo Senado.
Com essa plataforma, o PMDB começou a compor nesta segunda-feira (18) a lista de nomes para o primeiro escalão.
Assessor direto de Temer desde 2011, o paranaense Rodrigo Rocha Loures confirma a intenção de reduzir o número de pastas na Esplanada das atuais 31 para 20. Segundo ele, ainda não se sabe se o corte ocorreria imediatamente após a substituição presidencial, ou se precisaria de mais estudos até ser realizado.
Rocha Loures cita que é necessário primeiro detalhar a realidade financeira de todos os ministérios para definir um calendário para o enxugamento. “Tem caso em que romper um contrato de aluguel, por exemplo, sai mais caro que honrar o acordo até o final”, comparou.
O paranaense não fala em nomes, mas define o conceito do que são os “notáveis” procurados pelo PMDB. “É aquele tipo de nome incontestável.” A busca mais difícil, nessa linha, tem sido para a chefia do Ministério da Justiça.
Dois ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) encabeçam a lista de preferência para a vaga – Carlos Ayres Britto e Carlos Velloso. O primeiro carrega um simbolismo histórico considerado importantíssimo para o novo governo. Já foi filiado ao PT e comandou parte do julgamento do mensalão, em 2012.
Na Agricultura, o preferido é Roberto Rodrigues, que comandou o ministério durante o primeiro mandato de Lula, mas, em 2014, apoiou Aécio Neves (PSDB) na disputa presidencial. Rodrigues é apontado como unanimidade entre os ruralistas e entre a academia – é coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas.
Para as demais áreas, em especial a econômica, Temer tem recebido há três semanas sugestões de nomes. Confederação Nacional da Indústria, Federação Brasileira de Bancos e centrais sindicais não alinhadas ao PT, como a Força Sindical, encaminharam currículos. “Será um governo de responsabilidade e credibilidade”, disse o presidente interino do partido, senador Romero Jucá (RR), após a votação do impeachment pela Câmara.
Rocha Loures, Jucá, e os ex-ministros de Dilma, Moreira Franco (Aviação Civil e Assuntos Estratégicos) e Eliseu Padilha (Aviação Civil) compõem o “núcleo duro”, mais próximo a Temer, e são cotados para assumir ministérios “palacianos”, como a Casa Civil e a Secretaria de Governo.
Base sólida no Congresso
A opção por “notáveis” e aliados próximos, no entanto, não tira do horizonte a escolha de políticos. Temer conta com os 367 deputados que votaram a favor do impeachment como a primeira versão de sua base de apoio, que poderia ser ampliada. No Senado, ela chegaria a 55 nomes.
Partidos que estavam com Dilma e debandaram de última hora, como PSD e PP, terão espaços. Nenhum dos atuais quadros de Dilma serão reaproveitados – o que inclui os peemedebistas Katia Abreu (Agricultura), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde).
Dois ministérios devem ser oferecidos ao PSDB. A dúvida é saber se os tucanos vão aceitar (nesta segunda-feira, eles apresentaram uma lista com 11 condições para apoiar Temer). O senador José Serra (SP) continua cotado para a Saúde, mas só ficaria com a vaga caso a escolha fosse unânime entre todas as correntes do partido.
“Vamos construir um governo de unidade nacional, comprometido com a retomada do emprego, do crescimento econômico. Focado na melhoria da gestão pública e protegendo os mais pobres”, descreve Rocha Loures.
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