Em palestra para empresários na noite desta quinta-feira (3), o vice-presidente Michel Temer disse “não mover uma palha” para assumir a Presidência da República no lugar de Dilma Rousseff, que tem enfrentado dificuldades para debelar a crise econômica e política no país. O encontro foi convocado pela socialite paulista Rosangela Lyra, que faz parte do movimento “Acorda, Brasil”, de oposição à Dilma.
Ao fim do evento, Temer foi provocado por um integrante da plateia, que perguntou qual era a atitude dele perante “a corrupção e a investigação da Operação Lava Jato”, e se ele passaria para a história como “oportunista ou estadista”. “Eu jamais seria oportunista, quero deixar muito claro isso. Em momento algum eu agi de maneira oportunista. Muitas vezes dizem, ‘ah, o Temer quer assumir a Presidência’, mas eu não movo uma palha. Por que daí sim eu seria oportunista”, respondeu, irritado, o vice-presidente.
Temer diz que, “se continuar assim”, fica difícil Dilma concluir mandato
Leia a matéria completaDurante o evento, Temer voltou a pregar a “unificação” do país e afirmar que “alguém precisava dizer que a crise é grave”, mencionando uma fala que foi interpretada negativamente por interlocutores de Dilma. Fez elogios ao PSDB e ao PT, mencionando o que considera “avanços” dos governos Fernando Henrique, como o fim do monopólio das telecomunicações, e também de Lula, como políticas habitacionais.
Ao falar de Dilma, Temer não usava o pronome “nós”, mas sempre “ela”. Disse que “nada poderia fazer” se o índice de popularidade da presidente continuar baixo. Atualmente, a popularidade da presidente está em torno de 7%, segundo os últimos levantamentos.” Ninguém vai resistir três anos e meio com este índice baixo. Se a economia melhorar, acaba voltando em um índice razoável”, afirmou, dizendo que é preciso “trabalhar para estabilizar relações” com a sociedade e a classe política: “Mas se continuar com 7% e 8% de popularidade, de fato fica difícil., não dá para passar três anos e meio assim”.
Melhora em 2016
No encontro, Michel Temer disse acreditar que “com as medidas tomadas”, ele tem a impressão de que “as coisas começam a melhorar” em meados do ano que vem. Apostou que o governo Dilma vá até o fim e duvidou que ela renuncie, por ser uma mulher “guerreira”. Mas, caso o TSE decida pela cassação da chapa eleita, não discutirá a decisão, em respeito “às instituições”: “Se o TSE cassar a chapa, acabou. Eu vou pra casa, feliz da vida, ela vai pra casa... não se vai feliz ou não, cada um tem a sua avaliação”.
Sobre a polêmica da permanência de Joaquim Levy à frente do Ministério da Fazenda, o vice destacou que seu partido defende a permanência do ministro à frente da pasta: “ Para reunificar o país, a presença do Levy é muito importante”, disse.
Temer também anunciou que na próxima terça-feira (8) vai ser reunir os sete governadores do PMDB, em jantar com os presidentes da Câmara e do Senado, para “encontrar um caminho para a crise”. Sobre o Orçamento de 2016, o vice-presidente defendeu a revisão de contratos e alterações em alíquotas de impostos para lidar com o rombo nas contas: “Se você enxugar contratos, por exemplo, você consegue fazer. Às vezes você tem um contrato de R$ 300 milhões, que na realidade às vezes pode ser realizado por R$ 220 milhões, você economiza”, afirmou e, posteriormente, concluiu: “Se ao final for preciso alguma oneração tributária, não é com a criação de novo tributo. Você pode pegar um e outro tributo existente e aumentar a alíquota temporariamente”.
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