Em mais uma contraofensiva ao discurso de golpe e traição adotado pela presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer voltou a argumentar, em entrevista a um jornal estrangeiro, que o processo de impeachment contra a presidente está previsto na Constituição. Após demonstrar ao The Wall Street Journal incômodo com a acusação de ser um traidor, o vice negou, dessa vez ao The New York Times, que o processo se trata de um golpe de Estado. “Não quero que pareça que conspiro para assumir”, afirmou.
Temer disse ainda que esteve no “ostracismo absoluto” nos últimos quatro anos e ressaltou que nunca foi amigo de Dilma, com quem falou pela última vez em janeiro.
“Nós não somos amigos porque ela não se considerava minha amiga”, declarou o vice.
Na entrevista de 30 minutos concedida ao jornal americano na última quinta-feira (21) – antes do discurso de Dilma na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorrido em Nova York na manhã desta sexta-feira (22) – Temer também se mostrou preocupado com a possibilidade de a presidente abordar a crise política no Brasil. Dilma, no entanto, não utilizou as palavras “golpe” e “impeachment” em sua fala, mas usou parte do seu discurso para citar o “grave momento que vive o Brasil”.
Nós não somos amigos porque ela não se considerava minha amiga
O The New York Times lembrou que o vice, que assumirá a Presidência caso o impeachment consiga maioria no Senado, e importantes aliados enfrentam acusações de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras, como a citação na delação do senador Delcídio Amaral (sem partido - MS). Temer se disse inocente e argumentou que suas ligações com executivos envolvidos no esquema investigado pela Lava Jato se deveram às suas responsabilidades burocráticas como presidente do PMDB, partido que integrou a coalizão do governo petista por décadas. Sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer disse que não pediria para ele renunciar. “Esse é um assunto para o Supremo Tribunal Federal decidir”, declarou.
O vice-presidente disse ainda que pretende criar um “governo de otimismo”. Ele citou como fontes de inspiração Juscelino Kubitschek e os presidentes americanos Theodore e Franklin Roosevelt, enfatizando que planeja se aproximar dos EUA. Temer ressaltou que o desemprego é o principal problema no país.
O jornal destacou que Temer enfrentará simultaneamente uma crise econômica, uma epidemia de zika, um furioso clima político e uma Olimpíada e que, segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, Temer teria apenas 2% das intenções de voto, se as eleições fossem realizadas hoje. O The New York Times ressaltou que o vice esteve tão poucas vezes nos holofotes nacionais que muitos brasileiros o conhecem por meio da mulher, Marcela Temer.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo
Deixe sua opinião