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O vice-presidente Michel Temer descartou nesta terça-feira que exista dificuldade de diálogo entre PT e PMDB em meio à insatisfação de aliados com a montagem do governo.

A primeira reunião de coordenação política comandada pela presidente Dilma Rousseff, na noite de segunda-feira, serviu para colocar "ordem nas coisas", segundo o vice-presidente.

"Eu acho que em face da reunião de ontem (segunda-feira) nós colocamos ordem nas coisas, acho que a coordenação colocou ordem nas coisas. Não haverá dificuldade de diálogo. A ordem é começar a dialogar, dialogar muito para resolver", contou Temer ao deixar a cerimônia de posse do ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos.

Insatisfeitos com o tratamento recebido até agora, os peemedebistas pediram a Temer, que preside a legenda, que levasse à reunião de coordenação de governo as reclamações de peemedebistas. O descontentamento diz respeito principalmente a duas situações: a mudança nas direções da Funasa e dos Correios, que foram promovidos por dois ministros petistas sem aviso prévio ao partido.

No caso dos Correios a insatisfação é ainda maior, porque os peemedebistas foram afastados sob alegação de má gestão. Nas palavras de um peemedebista, que não quis ser identificado, o PT trabalha para rotular o PMDB como "sedento por cargos" e "corrupto". Ele lembra que os escândalos da campanha de Dilma foram criados pelas estruturas petistas, e a disputa só foi para o segundo turno por um desvio da ex-ministra Erenice Guerra, do PT. Essas insatisfações somadas chegaram à porta do vice-presidente que alertou a presidente.

Dilma sentiu o impacto da primeira reação do PMDB e orientou o ministro de Relações Institucionais, o petista Luiz Sérgio, a conversar imediatamente com a bancada peemedebista e ouvir outros aliados insatisfeitos para evitar qualquer reação mais forte quando o Congresso reabrir os trabalhos.

Temer afirmou ainda que esses tipos de negociação e tensão por cargos são e serão recorrentes. "Essas coisas são assim mesmo. São repetitivas. Mas, quando se repetem elas servem de experiência no futuro. Então, como já se repetiram no passado vai servir para que haja diálogo agora."

NOVAS NOMEAÇÕES

A presidente já havia decidido deixar as nomeações do segundo escalão para fevereiro. Mas, na segunda-feira, reforçou o recado para evitar novos descontentamentos.

"(As nomeações) estão suspensas por enquanto até haver diálogo. Até haver diálogo de todos os partidos da base aliada", revelou Temer.

E a negociação já começa nesta terça. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), chamou deputados e senadores do partido para uma reunião em que o comando será passado, temporariamente, para as mãos do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), e também para acalmar os ânimos mais acirrados dentro da legenda.

Nesta terça, Luiz Sérgio reúne-se com o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Alves (PMDB-RN), e abre as conversas sobre os cargos de interesse do partido no segundo escalão.

"O PMDB é um parceiro importantíssimo desse projeto. Foi importante no governo do presidente Lula e é tanto mais importante agora", comentou Luiz Sérgio.

Segundo o ministro, a orientação de Dilma é que não haja pressa para definição do segundo escalão.

"Estamos dando continuidade ao mesmo governo. Então, a orientação para o Ministério das Secretarias de Relações Institucionais é insistir que os ministros tenham calma. Não precisa sair achando que vai mudar tudo. Porque o que foi vitorioso foi um projeto que deu certo e as equipes são boas, competentes", disse.

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