Saída de Cunha pode interferir no processo de impeachment de Dilma Rousseff.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A renúncia de Eduardo Cunha (PMDB) da presidência da Câmara reconfigurou o já instável cenário político. Na avaliação de cientistas políticos, a sucessão na Casa será decisiva para o processo de acomodação política, mas a tendência é de que governo interino de Michel Temer (PMDB) se consolide como o mais beneficiado pela saída de Cunha. Por outro lado, os especialistas apontam um impacto quase nulo em relação à presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

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Com Cunha fora dos holofotes, além de se descolar das polêmicas que envolvem o ex-presidente da Câmara, o governo interino deve conseguir uma posição mais confortável para negociar com a Casa, que hoje se encontra rachada.

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Segundo especialistas, o capital político de Cunha fazia com que Temer evitasse entrar em rota de colisão com ele.

“O governo interino estava muito hesitante em tomar decisões frontalmente contrárias ao Cunho. O governo estava fazendo jogo duplo, para não desagradá-lo, porque o Cunha tinha uma influência enorme na Casa. Era como se ele tivesse sua bancada própria”, apontou o mestre em ciências políticas, Luiz Domingos Costa, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCPR) e da Uninter.

Para isso, no entanto, os analistas apontam a necessidade de Temer conseguir coalização em torno de um nome que lhe seja favorável. Neste aspecto, a interinidade do governo pode ser um complicador. “Se a Dilma tivesse sido afastada definitivamente, seria um gol de placa do Temer. Mas é difícil pra ele ter uma ingerência forte como presidente interino. É mais um embate, principalmente com esses grupos fisiológicos, apegados a nomeações e interdependências”, apontou o mestre em ciências políticas, Mário Sérgio Lepre, professor da PUCPR e da Universidade de Filadélfia.

Dilma

Como o processo de impeachment já passou pela Câmara e a presidente Dilma está afastada da presidência, os analistas apontam que ela pouco ganha com a saída de Cunha. “A essa altura do campeonato, não faz muita diferença pra ela. O impeachment dificilmente será revertido. Tanto que o PT já está construindo a narrativa de golpe, já pensando nas eleições de 2018”, disse Costa.

A única alternativa que incorreria em ganhos para Dilma, seria no caso de o processo de impedimento ser revertido no Senado. “É difícil, porque o PT está com uma força muito restrita. Eles ainda têm uma possibilidade, mas é um jogo muito complicado”, avaliou Lepre.

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