Uma reunião de aproximadamente duas horas no gabinete do vice-presidente Michel Temer serviu para reduzir o mal-estar verbalizado pelo PMDB, principal partido da coalizão, no governo Dilma Rousseff.
O acordo, discutido na manhã desta terça-feira, prevê que todas as futuras nomeações para o segundo escalão serão debatidas com toda a base aliada.
Além de Temer, participaram da reunião os ministros da Casa Civil, Antônio Palocci, e de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, ambos do PT, e o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves. Segundo uma fonte do Palácio do Planalto ouvida pela Reuters, Palocci e Luiz Sérgio asseguraram ao parlamentar que os peemedebistas serão tratados como aliados.
A principal queixa de Alves e de outros peemedebistas era em relação ao tratamento de "segunda classe" dado pelo governo ao PMDB, como classificou outro parlamentar do partido que preferiu não ter seu nome divulgado.
Segundo relato da fonte do Palácio do Planalto, o líder do PMDB disse que ainda nesta terça-feira se encontrará com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com quem teve um forte desentendimento nas primeiras semanas de governo para selar a paz. A essa fonte ouvida pela Reuters, Alves lembrou que sempre manteve uma relação pessoal com Padilha e que irá retomá-la.
Na segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff teve que cancelar a reunião de coordenação política para evitar um novo desentendimento do PMDB com o governo. Dilma informou a Temer, que é presidente licenciado da legenda, que o partido não teria assento no fórum, porque isso desvirtuaria o foco da reunião de coordenação. Ela argumentou também que se atendesse os apelos do PMDB os demais partidos aliados também passariam a ter direito a uma vaga.
Temer foi convencido pelo argumento, e durante o dia manteve conversas com outros peemedebistas, como o ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para apaziguar os ânimos dos aliados.
A trégua acertada nesta terça-feira para acalmar os ânimos no PMDB prevê que a disputa por cargos ou a discussão de temas importantes para o governo, como o salário mínimo, não ocorra pela imprensa e que o diálogo seja permanente.
DESCONTENTAMENTO
A querela entre PMDB e o governo começou ainda nas nomeações dos ministros, quando as lideranças do partido consideraram que o espaço dado ao partido ficou aquém do esperado. Os peemedebistas consideram que como foram aliados de primeira hora de Dilma e não lhe causaram constrangimentos na campanha ocupariam um espaço maior na Esplanada dos Ministérios.
Apesar do descontentamento, os peemedebistas esperavam que nas nomeações do segundo escalão seu espaço seria mantido e até ampliado. Contudo, nos primeiros dias do novo governo, algumas nomeações da legenda foram desfeitas e petistas entraram no lugar.
Preocupados que se não fizessem nada perderiam mais espaço no novo governo, os líderes peemedebistas começaram a reclamar publicamente do tratamento recebido no governo. A pressão aumentou até Dilma suspender as trocas no segundo escalão.
Os peemedebistas continuaram a pressionar e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, disse que o governo teria que convencer os aliados que o reajuste do salário mínimo de 510 reais para 540 reais era correto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, respondeu dizendo que qualquer mudança para cima deste valor seria vetada por Dilma.
Quando a disputa ganhou contornos de crise, o governo começou a agir para reduzir as insatisfações do PMDB.
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