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Marcos Corrêa/PR

Entre a opinião pública e seus ministros, o presidente Michel Temer(foto) optou por atender a seus aliados. Temer – um dos políticos citados nas delações da Odebrecht que já se tornaram públicas – se antecipou à divulgação do restante dos depoimentos e procurou preservar seu governo, embora tenha dito exatamente que não vai blindar ninguém. O presidente disse na segunda-feira (13) que não vai afastar ministros que tenham sido citados em delações da Lava Jato.

O presidente afirmou que só irá afastar temporariamente ministros que forem denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF). E que só vai demiti-los se a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) for acatada e eles viraram réus. Ou seja, integrantes da Esplanada que aparecerem nas delações, ao menos num primeiro momento, continuam no governo.

Mudança de discurso

É uma mudança e tanto em relação ao que o próprio Temer havia defendido em junho – pouco após a demissão de três ministros que haviam sido citados na delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Numa reunião com o primeiro escalão, o presidente pediu que ministros que fossem citados nas investigações pedissem demissão.

Se o pedido de Temer tivesse sido acatado, a Esplanada teria hoje cinco nomes diferentes. Já apareceram na Lava Jato os seguintes ministros: Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), José Serra (Relações Exteriores) e Leonardo Picciani (Esporte). E a expectativa é de que as delações da Odebrecht engrossem a lista.

Preservação do governo

Na prática, Temer vai preservar seu governo até o fim do mandato, apesar de enfrentar o inevitável desgaste no momento da revelação das delações. Isso porque, a PGR tem demorado em média 615 dias para denunciar ao STF um investigado da Lava Jato – e a gestão Temer termina pouco depois disso a partir de agora.

Ao não afastá-los imediatamente, o Planalto também preserva a base do Congresso – pois os ministros são indicados pelos partidos aliados.

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