O presidente interino Michel Temer (PMDB) mandou acelerar as demissões de servidores ligados ao PT que ainda ocupam cargos no segundo e no terceiro escalões do governo.
Segundo a reportagem apurou, a equipe do interino pediu um levantamento do número de postos que ainda abrigam indicações consideradas políticas e orientou que os quadros petistas sejam substituídos o mais rápido possível.
Nas palavras de um auxiliar de Temer, os funcionários ligados ao partido da presidente afastada Dilma Rousseff que ainda permanecem em secretarias e diretorias “estão atrapalhando o andamento da gestão”, pois haveria um “clima de guerra” no ar.
O discurso oficial é que as indicações políticas serão trocadas, preferencialmente, por nomes de perfil técnico, mas sabe-se que os cargos de segundo e terceiro escalão são um flanco cobiçado por partidos aliados, que desejam ocupar os postos para garantir espaço no governo.
Gabinete de Dilma
Além de apressar a saída dos petistas, Temer pretende revisar e cortar o número de postos que Dilma levou para trabalhar com ela no Palácio da Alvorada.
Antes de ser afastada do cargo, em 12 de maio, após o Senado ter dado aval ao andamento do impeachment, a petista deu sinais de que pretendia manter uma equipe de 12 a 15 assessores para auxiliá-la até o julgamento final das acusações contra ela.
Segundo levantamento da equipe de Temer, porém, Dilma acabou recrutando 36 cargos, sendo 31 do gabinete da Presidência e cinco ajudantes.
Surgiu então um problema. Temer acabou sem espaço para nomear seus assessores. Além disso, Dilma levou os maiores salários e os melhores postos. Dos 31 cargos da Presidência, 16 estão no topo da remuneração.
Irritado, o presidente interino determinou que a Casa Civil fizesse um “estudo jurídico” para verificar se Dilma realmente precisava de todos esses auxiliares e, de acordo com a assessoria da petista, só na semana passada duas pessoas foram exoneradas. A expectativa é que novos nomes sejam cortados em breve.
Segundo auxiliares de Dilma, porém, a Presidência da República dispõe de 120 cargos e, portanto, Temer teria ainda 89 postos livres para nomeação. Além disso, dizem os petistas, o presidente interino pode fazer uso dos 40 cargos da Vice-Presidência que ainda estão à sua disposição.
Restrições
A equipe de Dilma reclama das restrições do governo Temer e diz que o Planalto se recusa a pagar despesas de assessores que acompanham a presidente afastada em viagens pelo país. Da última vez que Dilma esteve em Porto Alegre, por exemplo, auxiliares precisaram pagar a hospedagem do próprio bolso.
O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) acionou o Ministério do Planejamento para tentar encontrar uma saída para o problema dos deslocamentos.
Na semana passada, a Casa Civil divulgou parecer em que permite a Dilma utilizar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) somente quando viajar de Brasília a Porto Alegre, onde vivem seus familiares.
O advogado da petista, José Eduardo Cardozo, reagiu com ofícios no Planalto, no Senado e no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o documento, Dilma passaria a viajar de avião comercial ou via terrestre e sua segurança, nesses casos, seria de responsabilidade de Temer.
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