O presidente Michel Temer (PMDB) contemporizou, nesta sexta-feira (10), as críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e negou que o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara preso na Lava Jato, influencie o Palácio do Planalto. O presidente deu entrevista ao colunista do jornal O Globo Jorge Bastos Moreno.
“Não, absolutamente não existe (influência de Cunha). E com o senador Renan eu tenho dialogado permanentemente, tenho certeza de que nós vamos continuar dialogando. Ele vai continuar nos ajudando, preocupado que é com o país, e sabe a importância das reformas. Portanto eu tenho absoluta convicção de que ele vai nos ajudar. Evidentemente, essas afirmações não têm sustentação, não é? Imagine se o Eduardo Cunha, que está, enfim, distante, não é, pode influenciar alguma coisa aqui. Não há influência nenhuma”, afirmou Temer, que emendou dizendo que a relação dele com Calheiros vai continuar “sólida como foi no passado”.
O presidente citou ainda que a escolha do ministro da Justiça, o deputado peemedebista Osmar Serraglio (PR), aliado de Cunha, só se deu porque outros dois cotados para a pasta — Antônio Cláudio Mariz e Carlos Velloso — haviam recusado assumir o ministério.
Questionado sobre eventuais afastamentos e demissões de ministros citados em colaborações premiadas da Operação Lava Jato, Temer voltou a dizer o critério de só demitir um ministro quando ele se tornar réu. Quando for denunciado, esse integrante do governo deverá só ser afastado temporariamente. Contudo, Temer reconheceu que o próprio ministro pode pedir para sair, devido à “pressão”.
“Pode ocorrer, e estou de acordo com você, que haja uma tal pressão que o próprio ministro, em dado momento, diga: ‘Olhe, não posso continuar, não quero continuar, isso aqui está me prejudicando demais, e eu vou cuidar da minha vida’. Isso pode acontecer, mas aí você sabe, eu tenho que esperar os acontecimentos”, contou.
Nos próximos dias, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve enviar ao Supremo Tribunal Federal a lista com pedidos de inquéritos contra políticos, baseada em 78 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Em seguida, esses pedidos serão divulgados.
Temer diz já ter vencido os discursos de que o impeachment foi um “golpe” e que a economia não iria retomar o crescimento. “Você sabe que nos primeiros momentos era a história do golpe, do ‘Fora, Temer’. Depois, quando verificaram que não prosperava, passaram a dizer que a economia iria para o fundo do poço. E não foi, não é? Agora não sei o que é que vão inventar”, afirmou o presidente, repetindo que não irá se candidatar à presidência em 2018.