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Temer com Renan Calheiros, presidente do Senado. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Temer com Renan Calheiros, presidente do Senado.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em uma preparação para o jantar promovido na noite desta segunda-feira pela presidente Dilma Rousseff na volta dos trabalhos parlamentares, deputados aliados se reuniram por três horas no Palácio do Jaburu, residência do vice Michel Temer, para conversa com tom pouco animador para o governo, segundo relatos. No encontro, Temer pediu aos deputados que evitassem votação de pautas-bomba, matérias com potencial de dano aos cofres públicos, como a correção do FGTS pela poupança e o aumento do teto salarial para procuradores e Advocacia Geral da União (AGU). A estratégia traçada foi a de obstruir a votação de dois projetos sobre terrorismo que trancam a pauta na Câmara, para adiar as demais votações.

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No encontro, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), comparou a relação entre base e governo à avaliação da agência de classificação de risco Standard & Poor’s sobre a economia brasileira. “A relação da base com o governo está como a SP e a economia brasileira: com viés de baixa”, disse Picciani, segundo relatou um dos presentes.

O governo também pediu aos líderes aliados que indiquem parlamentares “responsáveis” para o comando das duas CPIs que serão instaladas na Câmara — a do BNDES e a dos Fundos de Pensão.

Paralelamente, Temer se encarregará do diálogo com Eduardo Cunha, que armou a “pauta-bomba” para o governo logo no retorno do recesso parlamentar. Mas, de acordo com participantes da reunião, o clima foi de desânimo. Há uma preocupação generalizada sobre a possibilidade de conter a força oposicionista de Cunha nesse segundo semestre, quando poderá ser denunciado pelo Ministério Público por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras e reagir com mais ataques ao governo, como tem feito desde que assumiu a Presidência da Câmara.

Após a reunião no Jaburu, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), tentou minimizar os atritos com Cunha. O petista disse que a temperatura política “baixou” durante o recesso e que o diálogo com o presidente da Câmara foi retomado na posterior ao anúncio do peemedebista de que iria formalmente para a oposição. Guimarães disse acreditar ser possível o adiamento das matérias da pauta-bomba. “Essa ruptura pública que aconteceu (de Eduardo Cunha com o governo) não vai trazer prejuízo par ao país e para o governo. Vamos trabalhar para evitar que a pauta cause danos”, disse o líder.

À exceção dos líderes do governo, do PT, Sibá Machado (AC) e do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), a reunião com Temer foi realizada com deputados de pouca expressão na Câmara, sem a presença dos demais líderes dos principais partidos aliados. Após o encontro, os parlamentares seguiram para o jantar realizado por Dilma no Palácio da Alvorada.

Na entrada do Palácio da Alvorada, o ministro da Aviação, Eliseu Padilha, responsável junto a Temer pelas negociações com a base, admitiu que haverá dificuldades no Congresso e disse esperar que a aproximação “relações pessoais” com os aliados, no jantar com Dilma, sirva para a abertura do diálogo. O ministro afirmou ainda que o governo “deslanchou” o processo de liberação de cargos e emendas, o que deve contribuir para melhorar o clima no Congresso.

“Nós estamos vivendo um momento de dificuldades sob vários aspectos, então esse semestre vai ser assim também no Congresso. Deslanchamos o processo (de liberação de emendas e cargos). Agora, depende de prefeituras, deputados, para que se consiga materializar a liberação de recursos – disse.

Padilha disse acreditar que a ida de Cunha para a oposição não deverá alterar o quadro para o governo na Câmara. Segundo o ministro, a “responsabilidade” de Cunha seria maior que as “desavenças políticas”.

– Eduardo Cunha disse que a posição dele era do deputado, não do presidente, que tem uma posição institucional de harmonia e independência com os demais poderes. Cunha ajudou muito no primeiro semestre para que conseguíssemos vencer as matérias do ajuste fiscal. E tenho certeza que a responsabilidade dele com o Brasil é bem maior do que as possíveis desavenças políticas que possam existir”, disse.

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