O presidente Michel Temer passou a sexta-feira (3) em São Paulo aconselhando-se com assessores informais do governo. Apesar de avaliar que sua condição é confortável, Temer quer tirar de si a pressão em relação à acusação de que o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, recebeu dinheiro de propina da empreiteira Odebrecht para custear a campanha do PMDB. Os depoimentos de executivos da empreiteira praticamente colocaram o governo Temer nas mãos do TSE, ao confirmar doações via caixa 2 para a chapa Dilma-Temer.
Michel Temer estuda medidas para anular depoimentos da Odebrecht
Leia a matéria completaCom os auxiliares, Temer estuda duas ações para se desvencilhar do constrangimento. A primeira é estimular uma acareação entre seu ex-assessor e amigo José Yunes e o doleiro Lúcio Funaro. Yunes afirma ter sido um intermediário entre um envelope enviado de Funaro a Padilha. O envelope estaria recheado com dinheiro de propina da empreiteira. Yunes nega que soubesse o teor do conteúdo. Funaro ameaçou processá-lo por calúnia. Para Temer, o ideal é que Yunes se submeta à acareação rapidamente para tirar o assunto do foco.
A segunda ação é fazer com que o próprio Padilha pronuncie-se sobre o caso e atraia para si qualquer ônus pelo escândalo tão logo tenha condições de saúde para fazê-lo. O ministro se submeteu a uma cirurgia de próstata e deverá ficar afastado de suas funções por mais uma semana. Há possibilidade, inclusive, de Padilha nem voltar mais ao Planalto, após as delações da Odebrecht na Justiça Eleitoral.
Para Temer, se essa tensão for debelada com sucesso, terá campo aberto para fazer passar a reforma da Previdência no Congresso, sem se dobrar aos apelos de cargos e barganhas de aliados, especialmente no Senado.
Assessoria ou comitê
Ainda na estratégia de se fortalecer no Planalto em assuntos sensíveis para o governo, Temer esteve ontem com o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira para discutir uma maneira de viabilizá-lo oficialmente como seu auxiliar, sem que ele tenha que deixar seu escritório e a condução da defesa de réus da Lava-Jato. Entre as ideias, está a criação de uma assessoria ou de um comitê sobre o sistema prisional a ser comandado por Mariz. O advogado, no entanto, afirma que ainda não há uma fórmula acabada para a questão. “Chegaremos a ela dentro dos próximos dez dias”, afirmou Mariz.
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