A articulação por parte de peemedebistas para encurtar o recesso parlamentar em julho irritou o vice-presidente Michel Temer, que não deu aval para que seus aliados ponham o plano em prática. “Ninguém falou desse assunto comigo. O Henrique Meirelles me disse ontem que tem gente falando demais, e ele tem razão”, reclamou o vice-presidente com um interlocutor próximo.
Parte dos peemedebistas discute encurtar o período de descanso do Congresso para acelerar o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e, assim, aproveitar os primeiros 60 dias do eventual governo para aprovar medidas econômicas. A articulação foi publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo neste sábado (30).
Aliados de Temer tentam cancelar recesso para acelerar impeachment de Dilma
vice-presidente começa a articular com parlamentares a suspensão do recesso parlamentar do meio do ano
Leia a matéria completaO receio de aliados do vice-presidente é que, diante da ameaça de um recesso branco a partir de agosto, por conta das eleições municipais, a nova gestão enfrente dificuldades para garantir quórum, sobretudo na Câmara.
Temer não gostou do fato de seus correligionários elaborarem o plano sem seu consenso, e, sobretudo, exporem a ideia como medida para agilizar o afastamento de Dilma. Nas palavras de um amigo do peemedebista, porém, é necessário “liquidar o processo o mais rápido possível” para que o novo governo tenha tempo suficiente para tentar estabilizar a economia ainda neste ano.
A avaliação é que Temer precisará apresentar como cartão de visitas mudanças efetivas e uma gestão superior à da petista. Além disso, terá de aproveitar uma espécie de “lua de mel” com o Congresso.
Nos cálculos do grupo do peemedebista, nos primeiros dois meses, será possível contar com uma base aliada de cerca de 400 deputados federais e 56 senadores, tropa que poderá ser reduzida caso o governo não consiga estabilizar a economia.
Justiça
Com a dificuldade de encontrar nomes para assumir o Ministério da Justiça, após a desistência de nomear o advogado Antônio Carlos Mariz, o vice-presidente passou a considerar o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, como uma alternativa viável. Moraes já foi cotado para assumir a Advocacia-Geral da União (AGU).
O desejo de Temer era ter na chefia da pasta o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto, mas o jurista não demonstrou disposição em assumir o posto. Segundo um aliado do peemedebista, Moraes é um “candidato natural” ao posto e conta cada dia mais com a preferência do vice-presidente.
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