A decisão do vice-presidente Michel Temer (PMDB) de fazer um pronunciamento público “em defesa da Lava Jato” caso assuma a cadeira de Dilma Rousseff (PT) demonstra como o tema é delicado tanto para o atual governo quanto para uma eventual direção peemedebista no Planalto.
A promessa de manutenção das investigações, mesmo com a citação a diversos políticos do partido do vice, é uma das receitas para manter a estabilidade governamental.
A Lava Jato, apesar de não ser argumento oficial para o processo de impeachment da presidente, é o pano de fundo da ação que está prestes a ser votada no Senado Federal. Além disso, a operação fez cair o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que ocupava o cargo desde o primeiro governo Dilma. Ele foi transferido para a Advocacia-Geral da União depois que petistas reclamaram da sua falta de “pulso firme” sobre as investigações.
A maior operação de combate a corrupção do Brasil pode ser também o calcanhar de Aquiles de um possível governo Temer. Com o avanço das investigações, mais peemedebistas e outros aliados podem se comprometer com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), além dos grandes Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Estaria na mira da operação, por exemplo, o senador Romero Jucá, provável ministro do Planejamento do novo governo.
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Leia a matéria completaO próprio vice-presidente é um dos citados na Lava Jato. Em delação premiada, o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) disse que Temer “apadrinhou” dois ex-diretores da Petrobras já condenados na operação. Ele também foi citado numa conversa em que Cunha reclama que o dono da OAS, Léo Pinheiro, liberou o pagamento de R$ 5 milhões para Temer antes de pagar a parte dele. O nome dele aparece ainda em uma planilha apreendida pela Polícia Federal com ex-executivos da Camargo Corrêa vinculado a dois pagamentos de US$ 40 mil e a duas obras.
Outro delator da Lava Jato, o lobista Júlio Camargo disse também que o operador Fernando Soares, o Baiano, mantinha contato com o vice-presidente. Reportagem da revista Época mostrou ainda que José Antunes Sobrinho, um dos donos da Engevix que cumpre prisão domiciliar, disse ter pago R$ 1 milhão a um emissário de Temer. Porém, por considerar que ainda não há elementos suficientes para pedir o indiciamento do peemedebista, o procurador-geral Rodrigo Janot livrou Michel Temer de investigações na Lava Jato até o momento.
Ministério
Os nomes especulados por Temer para o Ministério da Justiça até agora também não agradaram os membros da operação. O novo citado é o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes – o quarto na lista de notáveis. Os ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Britto e Carlos Velloso declinaram da indicação e, depois, Antonio Claudio Mariz de Oliveira foi descartado por ter assinado manifesto contra a Lava Jato.
Moraes, no entanto, já atuou como advogado de Cunha. A saída encontrada por aliados ao vice-presidente é nomeá-lo como indicação da ala do PSDB ligada ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Ao lado do Ministério da Fazenda, a pasta da Justiça – cuja a PF é vinculada – devem formar as áreas “prioritárias” do eventual governo peemedebista. A ideia é desvincular a imagem de Temer de um possível “abafamento” da Lava Jato com a saída de Dilma do poder.
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