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Arredio quando o assunto é a política paranaense, o senador Alvaro Dias (PSDB) tem se mostrado decepcionado. Procura falar pouco sobre a coligação do PSDB com o PMDB no Paraná, mas se revela preocupado com o rumo que seu partido tomou. "Após as eleições, temos de recomeçar o PSDB no estado, fazer uma depuração", diz.

A aliança dos tucanos com o partido de Roberto Requião (PMDB), seu tradicional adversário político, colocou Alvaro Dias em uma situação complicada. Caso o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) aceite a aliança – uma decisão do PSDB impugnou a coligação –, o senador passará, oficialmente, a dividir campanha com o atual governador. Mas já avisou que apóia seu irmão e candidato ao governo pelo PDT, Osmar Dias. "A solidariedade familiar não é crime nem pecado." Apesar de negar apoio a Requião, Alvaro evita criticar a atual administração estadual. "Quero ter livre trânsito com quem vier a assumir o governo."

Mas, se por um lado Alvaro tenta se silenciar quanto à política nativa, por outro, ele não poupa críticas quando o tema se volta à esfera federal. "O Lula partidarizou o governo e tem sido o elemento de desgaste do parlamento."

O PSDB paranaense saiu rachado da convenção estadual. Isso prejudica o partido no estado?

Estamos acuados com este modelo político retrógrado e ultrapassado. A reforma política tem de ser urgente, prioritária. Após as eleições, temos de recomeçar o PSDB no estado, fazer uma depuração. Haverá um novo quadro político, atrair novas forças e ver a qualidade do partido, não só o tamanho. Hoje há um uso incorreto dos partidos políticos. A instituição cedeu lugar aos eventuais interesses pessoais. Há um oportunismo e um imediatismo para se construir coligações. Espero que essa lição seja a última. Vivemos uma esculhambação que não pode ocorrer. Usam os partidos para se tentar alcançar projetos próprios. O PSDB enfraqueceu por que desistiu de um projeto de poder em conjunto.

Qual posição o senhor acha que o TRE/PR vai tomar em relação à coligação PMDB–PSDB?

O que sei é que o PSDB nacional vai respeitar qualquer decisão e não vai recorrer em quaisquer circunstâncias.

No caso da disputa para o governo do estado, quem o senhor considera favorito?

Está cedo para apontar favoritismo. Mas vejo que a oposição tem um espaço enorme para crescer. O senador Osmar Dias (PDT) tem todas as possibilidades de vencer. A eleição deste ano favorece a oposição, tanto no estado quanto nacionalmente. Há uma descrença muito grande em relação aos partidos políticos e às administrações públicas.

O fato de o PDT ter um candidato à Presidência da República e não poder se aliar ao PSDB não atrapalha a campanha do senhor para o Osmar Dias?

Priorizo os valores que sustentam a família como essencial. A solidariedade familiar não é crime nem pecado. Há formas de se fazer campanha sem agredir a legislação eleitoral. O povo é inteligente e sabe quem apóio.

O senhor acha que o prefeito Beto Richa (PSDB) fará campanha para Osmar Dias?

O Beto é de fundamental importância na articulação política. Espero que ele vá para a campanha do Osmar. Também o convidei para ser o responsável pela condução da campanha do Geraldo Alckmin no Paraná. E, se houver necessidade, ele até se licencia.

O senhor ganhou muita notoriedade com essas últimas CPIs. O senhor se considera hoje um parlamentar importante na campanha de Geraldo Alckmin?

Procuro contribuir fazendo oposição ao governo federal, oferecendo instrumentos para que a população possa fazer o julgamento. O Brasil desperdiçou crescimento em um momento que a economia mundial estaria favorável. Sei que sou valorizado pela direção nacional do PSDB e ganhei prestígio. Recebo apelos de alguns estados para ir durante o pleito eleitoral. Pretendo gravar os programas, já que tenho de cuidar da minha campanha a senador. Hoje faço parte do conselho político da campanha do Alckmin e nos reuniremos toda quarta-feira até o fim da eleição.

O Lula está na frente nas pesquisas. O senhor acha que haverá segundo turno e quem deverá ser o novo presidente da República?

As pesquisas hoje favorecem o Alckmin. Se não houver segundo turno é por que o PSDB ganhou as eleições no primeiro turno. O crescimento do Alckmin extrapolou as expectativas do partido e do próprio candidato. Quem exerce cargo público leva vantagem nessa fase. Mas o Alckmin, mesmo sendo desconhecido por 60% da população há praticamente um ano, cresceu. A senadora Heloísa Helena deverá fazer até 15% dos votos e haverá segundo turno. Elegemos cidades onde há veículos de comunicação de massa que possam divulgar o nome do Alckmin. Ele estará em Curitiba e em Ponta Grossa no dia 22 deste mês.

Onde o governo federal falhou mais nesses anos de administração Lula?

Além da corrupção, no despreparo e na ambição de um projeto de poder autoritário, a longo prazo. Quis pôr mordaça no Ministério Público, censurar a imprensa. O Lula partidarizou o governo e foi um arquiteto de todo esse processo, querendo angariar apoio no Congresso.

E o governo do estado com Requião?

Prefiro que os postulantes ao cargo de governador respondam. Quero ter livre trânsito com quem vier a assumir o governo. Agora, temos de mudar o modelo de gestão que está aí.

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