Toda vez que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, se senta à mesa de trabalho, se depara com um mapa do Brasil na parede. Ali estão, ao lado das linhas de transmissão e do parque de geração de energia, reservas ambientais por todo o país. A relação entre energia e meio ambiente é parte de seu cotidiano, e ele não disfarça a ira ante a dependência de sua pasta. Irônico, diz que chegou a sugerir a união dos dois ministérios. Alega que o fato de um funcionário de segundo escalão do Ibama ter ficado ofendido atrasou em um ano a obra da usina de Belo Monte, no Pará. Sem citar nomes, Lobão responsabiliza, com a declaração, o ex-coordenador de licenciamento de infraestrutura do Ibama, Leozildo Tabajara, pelo atraso.
"Por que não se concedeu a licença de Belo Monte? Porque um técnico do Ibama ficou ofendido pela declaração da ministra da Casa Civil (Dilma Rousseff) e do ministro de Minas e Energia de que na segunda-feira seguinte o Ibama concederia a licença. Ele ficou dizendo que não poderia aceitar que esses dois ministros estabelecessem prazo da licença. Sucede que quem estabeleceu esse prazo foi o ministro do Meio Ambiente (Carlos Minc) e o presidente do Ibama (Roberto Mes), numa reunião com o presidente da República e vários ministros. Repetimos o que eles disseram. Se tivesse que ficar ofendido, teria que ficar com o ministro e o chefe dele. Ainda que tivéssemos dito isso da nossa cabeça, é razão para não emitir a licença?", reclama ele.
Segundo Lobão, é difícil manter a segurança energética brasileira com as dificuldades enfrentadas com meio ambiente e diz que os entraves podem acabar obrigando o país a usar uma energia ainda mais poluidora.
"Atrasamos um ano na construção de Belo Monte. E isso é sério, porque se trata da terceira maior hidrelétrica do mundo. Temos energia, porém mais cara e poluidora. Há estoque de mais de 20 mil megawatts de energia, que são as termelétricas. Desejo não usar nunca esse estoque estratégico. Mas, como o meio ambiente não nos deixa construir hidrelétricas, somos obrigados a contemplar a hipótese de despachar as térmicas", acrescentou.
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