O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) prorrogou as investigações do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) por mais 60 dias.
A decisão ocorre uma semana depois de Teori ter aceitado estender as investigações de 20 dos 26 inquéritos abertos no STF para apurar o envolvimento de 50 pessoas no esquema de corrupção que desvio recursos da Petrobras.
Os nomes de Cunha e Gleisi foram citados pelos delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Cunha é suspeito de receber, junto com o seu partido, o PMDB, propina paga por empresas contratadas pela Petrobras. Em depoimentos prestados após acordo de delação premiada, Youssef diz que o deputado chegou a pressionar um empresário para retomar pagamentos, depois de a propina supostamente paga a ele ter sido suspeita.
Já a senadora petista é suspeita de ter recebido R$ 1 milhão em contribuição para sua campanha ao Senado em 2010 de recursos que teriam sido desviados da Petrobras. O suposto pagamento à campanha da senadora foi citado tanto por Youssef quanto por Costa. Apesar das investigações, Cunha e Gleisi têm negado qualquer envolvimento com os casos apurados na Lava Jato.
Separação
Na mesma decisão em que prorrogou o prazo das investigações, Teori determinou que tramite em “procedimento autônomo” um pedido feito pela defesa de Cunha para arquivar as investigações. Com isso, O Plenário do STF poderá julgar o recurso da defesa sem interromper o andamento das investigações.
A decisão acontece logo após Janot ter escrito em parecer encaminhado ao STF que existem “elementos muito fortes” para que o presidente da Câmara seja investigado. A manifestação do procurador aconteceu em resposta ao pedido da defesa de Cunha, de arquivar o processo contra ele.
Depoimentos
Após autorização de Teori, de prorrogar o prazo de diligências dos inquéritos da Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal (PF) retomaram a coleta de depoimentos de investigados e de testemunhas. As oitivas ficaram suspensas por duas semanas por decisão do ministro relator do STF, depois de um desentendimento na condução das investigações entre PGR e PF. Os órgãos chegaram a um consenso sobre o calendário dos depoimentos, que voltaram a ser agendados.
Para esta semana estão previstos pelo menos cinco depoimentos. Na tarde desta terça-feira o deputado federal Sandes Júnior (PP-GO) foi ouvido na sede da PF, em Brasília. Nesta quarta-feira, dia 6, João Cláudio Genu, ex-assessor parlamentar do ex-deputado José Janene, o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA) e o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). O ex-deputado João Pizzolatti (PP-SC) será ouvido na quinta, dia 7, e na sexta-feira, 8.
Para a próxima semana está previsto o depoimento de Lázaro Botelho (PP-TO), no dia 14. O senador Edison Lobão (PMDB-MA) será ouvido no dia 18 de maio, seguido pela ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB-MA), que prestará depoimento no dia 19, mesmo dia em que o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) prestará esclarecimentos sobre sua investigação na Lava Jato.
PF toma depoimento de vice-presidente do PMDB na Lava Jato
O vice-presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), está prestando depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília na tarde desta quarta-feira, 6, sobre seu suposto envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato. O depoimento é tomado por delegados da PF e por procuradores federais.
Na semana passada, a PF e o MP também ouviram o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, acusado de suposto envolvimento com a Lava Jato no Rio de Janeiro.
Raupp é alvo de dois inquéritos. Um deles investiga se houve formação de quadrilha para fraudar a Petrobrás. O outro apura se o senador recebeu dinheiro desviado por empresas com contratos na estatal e lavou os valores.
Em acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef afirmou que operacionalizou o pagamento de R$ 500 mil para a campanha de Raupp ao Senado de 2010. O valor teria, segundo o doleiro, saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobrás.
Em depoimentos colhidos na Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa disse ter arrecadado R$ 30 milhões para “caixa 2? da campanha de Cabral ao governo do Rio em 2010.
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