Atualizado em 15/05/2006 às 23h35
Não há mais nenhuma rebelião em andamento no estado de São Paulo. Os últimos presos a se entregar foram os das cadeias públicas de Serra Negra e Cruzeiro, no interior paulista, de acordo com a secretaria de Segurança Pública. Ao todo, o estado de São Paulo registrou motins em 73 presídios entre a noite da última sexta e esta segunda-feira.
Nove presos foram mortos em confronto com a polícia, mas todos os reféns foram libertados, segundo a polícia. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, Eliseu Ecler, não houve negociação com os rebelados e nenhuma reivindicação foi atendida. Entre as reivindicações apresentadas pelos presos estavam a instalação de aparelhos de televisão (para que eles pudessem acompanhar os jogos da Copa), de chuveiros quentes e mais visitas íntimas.
As rebeliões produziram cenas de selvageria. Em Jaboticabal, a 362 km da capital, os presos atearam fogo no diretor da unidade. O diretor foi trancado numa das celas e, em cima dele, foram jogados colchões em chamas. Ele teve 70% do corpo queimado e continua internado em estado grave, respirando com a ajuda de aparelhos.
Em São Sebastião, no litoral norte, oito presos morreram neste domingo e 15 ficaram feridos. Eles morreram asfixiados depois de atear fogo em colchões. Houve mortes também em Ribeirão Preto. Três detentos foram assassinados com golpes de estilete, dentro das celas. Nove agentes penitenciários foram feitos reféns e pelo menos cinco deles saíram feridos na cidade.
Apesar das rebeliões terem começado na sexta e dos sucessivos ataques a bases policiais comandados por quadrilhas que atuam dentro das prisões, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) manteve o horário de visitas para o Dia das Mães. Foi uma ordem do governador Claudio Lembo, que queria evitar um agravamento ainda maior da situação.
Em muitos presídios, os familiares viraram reféns dos presos. Foi o caso da penitenciária de Americana, onde 80 pessoas ficaram em poder dos bandidos. Não há informações sobre a reivindicação dos presos, mas a onda de terrorismo em São Paulo começou por causa da transferência de 765 detentos, que começou a ser feita na última quinta-feira.
Em entrevista à Reuters, o advogado Anselmo Neves Maia, que defende integrantes da facção criminosa, afirmou que o governo não vai controlar a situação apenas com uso de força policial.
Entre os presos que começaram a ser transferidos na quinta-feira estavam líderes da facção criminosa que atua nos presídios paulistas. Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado pela polícia como líder da quadrilha, foi transferido para a penitenciária de segurança máxima de presidente Bernardes no sábado. Lá, ficará preso em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no qual são proibidas visitas
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