Tesoureiro da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, o deputado estadual Edinho Silva (PT-SP) divulgou na madrugada desta terça-feira (10) uma carta aberta ao PT em que admite “erros” do partido e afirma que nunca os petistas estiveram “tão paralisados” diante de um cenário adverso.
Em meio à crise que traga o Palácio do Planalto, Edinho pede reação do que chama de binômio PT/governo. “É hora de pegarmos a nossa história nas mãos e, com a certeza na frente, revigorarmos os nossos sonhos e irmos para a luta política.” “Não há novidade, companheiras e companheiros. Há, sim, erros no nosso campo político. Nunca na nossa história assimilamos com tanta facilidade o discurso oportunista de uma direita golpista e nunca estivemos tão paralisados.”
A divulgação da carta acontece um dia após o petista ter ido ao Palácio do Planalto comunicar a interlocutores de Dilma sua desistência de comandar a APO (Autoridade Pública Olímpica) e de o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco ter dito à CPI da estatal que repassou US$ 300 mil à campanha da presidente no ano passado.
Assessores da presidente foram pegos de surpresa e tentaram dissuadir Edinho da ideia de não ficar à frente da APO, mas o petista insistiu e disse que irá oficializar sua decisão após conversar pessoalmente com Dilma. A nomeação teria que ser aprovada pelo Senado e a instabilidade da relação entre governo e Congresso dificultaria o processo.
Na carta enviada a dirigentes do PT, militantes e integrantes do governo federal, o petista diz que “há momentos na história em que a dúvida leva à derrota e há momentos em que o recuo leva ao aniquilamento.”
Sem citar diretamente a Operação Lava Jato, pela qual há pedidos de investigação contra políticos do PT, PMDB, PP, PSDB, e outros partidos, Edinho afirma que “se pessoas se utilizaram do PT para enriquecimento, toda vez que isso for provado, esses têm que pagar e nós temos que ser os primeiros a defender a penalização”.
“Se a corrupção é endêmica e povoa as instâncias governamentais, ela tem que ser combatida com muita dureza”, completa.
Ainda no documento, o ex-tesoureiro da campanha de Dilma diz que “não há novidades” na insatisfação e nas manifestações contra a presidente e o governo. “Achávamos que a elite brasileira, insuflada por uma retomada das mobilizações da direita no continente, iria ficar assistindo nós nos sucedermos na presidência da República, consolidando o nosso projeto? (...) Achávamos que aqueles que hoje nos acusam, que também são os mesmos que armam trincheiras contra as reformas estruturais, seriam benevolentes conosco? Repito, qual a novidade?”.
Apesar das críticas, Edinho defende as medidas econômicas do governo, classificadas como “conservadoras” por muitos petistas, e diz que é necessário “ajustar a nossa economia para que possamos continuar crescendo com justiça social”.
O petista diz ainda que o projeto deve ir “além da agenda econômica” e defende bandeiras do partido como as reformas política, tributária e eleitoral.
Replicado no blog do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso no processo do mensalão, o texto de Edinho foi classificado como “uma excelente reflexão sobre o PT, nossa história, os 12 anos de governos do partido no plano federal e, coroando isso tudo, uma análise do momento vivido pelo país e pela legenda”.
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