As seis testemunhas ouvidas até ontem pela Polícia Civil disseram não conseguir afirmar que o deputado estadual Gilberto Ribeiro (PSB) era o condutor do carro que atropelou um jovem de 14 anos na noite de sábado, em Piraquara, na Grande Curitiba. O veículo é do deputado, que estava no carro no momento do acidente. Mas ele alega que um assessor é quem estava dirigindo.
Segundo o superintendente da delegacia de Piraquara, Marco Aurélio Furtado, os depoimentos ouvidos até o momento não são suficientes para indiciar o deputado. "Existe a materialidade do delito. Porém, a autoria ainda não foi identificada. Sabemos que o deputado estava no local do acidente, mas ainda não há prova testemunhal de que o deputado conduzia o carro", afirmou.
Os depoimentos, porém, contradizem as informações prestadas à Polícia Militar na noite do acidente. Para a PM, moradores da rua em que houve o atropelamento disseram que Ribeiro dirigia a caminhonete e que ele apresentava sinais de embriaguez. O veículo deixou o local do acidente sem prestar socorro à vítima.
O deputado nega que fosse ele o motorista. Afirma ainda que o carro era dirigido por seu assessor parlamentar Christopher Douglas Kachel. E que os dois deixaram o local, sem prestar socorro, porque teriam ficado preocupados com suas integridades físicas diante da reação dos moradores após o atropelamento.
Versão
Em discurso na Assembleia, na segunda feira, Ribeiro disse que retornava de uma chácara quando seu assessor Kachel, que estaria dirigindo o veículo, tentou desviar de um buraco numa rua mal iluminada de Piraquara e atingiu o adolescente.
Após terem saído do local sem prestar socorro, disse Ribeiro, ele teria entrado em contato com a polícia e o Siate para que fossem até a rua do acidente para prestar o socorro ao adolescente. Só então, pelo fato de seu assessor ter ficado abalado com o acidente, Ribeiro teria assumido a direção da caminhonete. A reportagem da Gazeta do Povo tentou ontem ouvir Kachel. Mas o assessor não foi localizado.
Represálias
Alguns moradores das imediações do local do acidente ouvidos pela Gazeta, que não quiseram se identificar, disseram que viram o deputado dirigindo a caminhonete e que ele deixou o local quando percebeu que vários moradores filmavam a cena em seus telefones celulares. Os mesmos moradores, porém, afirmaram que não confirmariam essa versão se fossem convocados a depor por medo de represálias. A reportagem também esteve no local do acidente e constatou que existe mesmo um buraco de aproximadamente um metro de diâmetro na rua do atropelatamento.
De acordo com o superintendente da Delegacia de Piraquara, ainda serão ouvidos outros moradores que presenciaram o acidente, os dois policiais militares que atenderam a ocorrência, o próprio deputado e o assessor parlamentar Christopher Douglas Kachel.
O superintendente disse ainda que deve concluir o inquérito dentro do prazo legal de 30 dias, após receber os laudos das lesões corporais provocadas no menino e da perícia no carro do deputado. "A investigação vai apurar toda a verdade em relação ao fato", garantiu Furtado.
Visita
Ontem, a assessoria do deputado Gilberto Ribeiro confirmou que o parlamentar visitou a família do garoto, que teve apenas lesões leves. O parlamentar também informou que prestará toda a assistência à família e à saúde do jovem.
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