Testemunhas que viram a queda do helicóptero modelo Robinson, prefixo PT YMF, em Carapicuíba, na Grande São Paulo afiram que uma passageira, possivelmente Regina Maria Ticoulati Velloso, de 78 anos, se atirou da aeronave antes que ela atingisse o chão. A cena foi vista por comerciantes que estavam próximos ao local do acidente. As testemunhas também disseram que o piloto Ignácio Bueno de Moraes Neto, de 62 anos, tentou pousar o helicóptero em um platô numa área desabitada, para desviar de pedestres nas ruas.
- Ele vinha muito baixo e balançando demais. O piloto foi fugindo da população e tentou pousar no alto de um barranco - disse Ulyses Alves, de 21 anos, dono de uma concessionária de veículos vizinha ao local do acidente.
De acordo com ele, o piloto tentou fazer um pouso de emergência em um terreno baldio repleto de mato, ao lado de um galpão industrial. Mas, durante a tentativa de descer a aeronave, o motor traseiro (rotor de cauda) colidiu contra um barranco ao lado do platô - fazendo o helicóptero tombar e colidir contra o solo.
- Antes de o helicóptero bater no barranco e cair de lado, uma pessoa abriu a porta e pulou. Era uma mulher, devia estar a uns quatro metros de altura - afirmou o pintor Diego Wilkes, que também presenciou o acidente.
- Foi uma tentativa desesperada de escapar, acho que era uma das mulheres que estava sentada atrás - disse o pintor.
Regina Ticoulati Velloso estava sentada ao lado do neto João Dante Velloso Viggiani, de 16 anos, atrás da aeronave. Ambos morreram na queda.
As testemunhas do acidente relataram ainda ter ouvido uma pancada seca e forte quando o helicóptero colidiu com o solo. O movimento de curiosos e de pessoas assustadas com a queda causou um pequeno tumulto nas ruas da região.
O operários de um galpão industrial e policiais militares foram os primeiros a chegar ao local da queda e oferecer socorro. A lataria da aeronave teve que ser cortada para a retirada das vítimas. Algumas testemunhas reclamaram da demora dos bombeiros, que teriam começado o socorro apenas 30 minutos após o acidente.
O piloto Moraes Neto e sua mulher Regina Maria Velloso de Moraes, de 50 anos, foram levados para o Hospital Albert Einstein em helicópteros da PM. O piloto teve politraumatismo seguido de parada respiratória e morreu duas horas depois no hospital. A mulher dele - a única sobrevivente - está internada na UTI, inconsciente e em estado grave.
De acordo com o bombeiro, embora a aeronave não tenha pegado fogo, os destroços foram resfriados com água e extintores para evitar possíveis incêndios durante o resgate das vítimas. Os destroços foram periciados pela Polícia Civil e por oficiais do Cenipa, o Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos, da Força Aérea. A FAB não se pronunciou sobre a investigação.
Para associação de pilotos, acidentes foram fatalidade
A Associação Brasileira dos Pilotos de Helicóptero (Abraphe) classificou a sucessão de acidentes com helicópteros no estado como uma "fatalidade".
- Toda a aeronave tem um manual com um gráfico mostrando o peso adequado para cada tipo de vôo. Cabe ao aviador ficar atento a isso - afirmou o presidente da Abraphe, Cléber Mansur.
Sobre o acidente mais grave, que provocou a morte de três pessoas em Carapicuíba, o presidente da associação disse que o piloto da aeronave "deve ter decolado com peso excessivo, além do limite permitido para as condições climáticas daquele momento", comentou.
São Paulo teve 16 acidentes este ano
Um estudo atualizado no último dia 15 de outubro pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica (Cenipa) revelou a ocorrência de 13 acidentes com helicópteros no país este ano. Com os três novos acidentes registrados, o saldo de 16 acidentes em 2007 já é o terceiro maior da década. Perde apenas para 2006, quando ocorreram 18 acidentes, e para 1998, quando ocorreram 17.
O saldo de 2007 supera o número de acidentes de 2005 (15), 1997 (14), 2000 (13), 2004 (12), 1999 (10), 2001 (9) e 2002 (8).
O mapa dos acidente aéreos (aviões e helicópteros ) no país acende um sinal amarelo para as autoridades do setor. Os dados revelam tendência de aumento em números absolutos nos últimos três anos, que seria uma tendência no mundo por causa da elevação do número de passageiros. Desde o início da década de 90, segundo as estatísticas, morreram 1.777 pessoas em acidentes aéreos - média de 98 por ano.
O estado de São Paulo tem a segunda maior frota urbana de helicópteros do mundo e também a segunda em número de operações. Ao todo, são 754 aeronaves registradas no estado, 464 delas apenas na capital. Outras 80 devem chegar em 2008.
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