Pelo menos quatro depoimentos reunidos pelo Ministério Público de São Paulo apontam ligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o apartamento triplex no Guarujá que está sendo investigado também pela Operação Lava Jato . Trata-se de um ex-funcionário da empreiteira OAS, dois representantes da construtora Tallento e o zelador do condomínio que falaram aos promotores entre outubro passado e o início deste ano.
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Essa investigação começou em São Paulo no ano passado para apurar denúncias de irregularidades na transferência de empreendimentos imobiliários da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) para a OAS. Segundo o promotor de Justiça Cássio Conserino, da 2ª Promotoria Criminal de São Paulo, nove empreendimentos são objetos da apuração, entre eles, o Solaris, no Guarujá, alvo da 22ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira. Lula ainda será convocado a depor.
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Lula divulgou nota nesta quinta-feira (28) em uma rede social voltando a negar que seja proprietário do triplex no Guarujá.
Os depoimentos começaram em outubro de 2015 em São Paulo. Duas testemunhas disseram ao Ministério Público ter visto Lula no prédio. Uma delas foi o ex-funcionário da OAS Wellington Aparecido Carneiro da Silva, que era responsável por fiscalizar os empreiteiros que trabalhavam nas obras. Ele relatou ter acompanhado o ex-presidente até a porta do triplex para uma vistoria do imóvel. Ele afirmou que o apartamento estava em nome da OAS, mas “a família que moraria naquela unidade autônoma seria a do ex-presidente”.
No depoimento, o ex-funcionário disse que “chegou a receber o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no condomínio e Igor lhe apresentou as áreas comuns”. Lula estava acompanhado da ex-primeira-dama dona Marisa, segundo Silva, mas a data, entretanto, não foi informada.
Igor Pontes é coordenador de engenharia da OAS e, segundo o ex-funcionário, foi quem acompanhou Lula dentro do apartamento para “uma vistoria padrão”.
O zelador José Afonso Pinheiro afirmou aos promotores em outubro passado que, em 2013, presenciou o ex-presidente Lula e a mulher em visitas ao apartamento 164-A e que nestas ocasiões a OAS preparava o edifício para receber o casal, decorando o hall e corredores com arranjos florais.
Dois engenheiros da construtora Tallento, que foi contratada pela OAS para reformar o triplex 164A, afirmaram à Promotoria terem tido contato com dona Marisa no local. Rosivane Soares Cândido relatou há 15 dias ao Ministério Público que presenciou uma reunião de dona Marisa, entre julho e agosto de 2014, com a “cúpula da OAS” para discutir detalhes da reforma no triplex. Rosivane foi quem coordenou a obra no apartamento. “Em uma das visitas a depoente atestou que a Dona Marisa Letícia compareceu ao apartamento com o filho dela, acredita que seja Fábio. Em verdade a depoente estava lá com o pessoal de obra da Tallento e soube que foi agendada uma reunião com a cúpula da OAS e nesta oportunidade a Dona Marisa Letícia também compareceu. A reunião dizia respeito a reforma, isto é, cronograma e vistoria de obra”, diz trecho do depoimento da engenheira.
O engenheiro Armando Dagre também disse aos promotores ter tido contato com dona Marisa. Ele conta que estava reunido no apartamento com um representante da OAS quando “Marisa entrou com um rapaz e dois senhores”. Uma reunião acontecia no local, mas ele não ouviu nada sobre a quem pertenceria o imóvel.
A OAS não se manifestou até o momento sobre as investigações.
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